ROUBAIX, França — Em uma declaração marcante, um enorme mural da Estátua da Liberdade cobrindo os olhos vem gerando milhões de visualizações online, crítica às políticas de imigração e deportação do presidente dos EUA, Donald Trump.
Artista expressa mensagem de liberdade
A artista de rua, Judith de Leeuw, baseada em Amsterdã, criou essa obra monumental na cidade de Roubaix, conhecida por abrigar uma significativa comunidade imigrante. Para de Leeuw, o mural é “um lembrete silencioso do que a liberdade deveria ser”.
“A liberdade parece fora de alcance” para migrantes e “aqueles que são empurrados para as margens, silenciados ou invisíveis”, afirmou a artista. Em uma postagem no Facebook no Dia da Independência dos Estados Unidos, em 4 de julho, ela compartilhou: “Pintei ela cobrindo os olhos porque o peso do mundo se tornou pesado demais para testemunhar. O que antes era um símbolo brilhante de liberdade agora carrega a tristeza de um significado perdido.”
Reações à obra
A representação da Estátua da Liberdade, um presente do povo francês no final do século XIX, não apenas inspirou a admiração, mas também gerou críticas severas. O representante Tim Burchett, um legislador republicano do Tennessee, expressou sua indignação em uma postagem na plataforma X, afirmando que a obra o “desagrada profundamente” e mencionou um tio que lutou e morreu na França, onde as forças dos EUA combateram nas duas grandes guerras.
Apesar das críticas, de Leeuw não se mostrou arrependida. Em entrevista à Associated Press, ela afirmou: “Não me ofendo em ser odiada pelo movimento de Donald Trump. Não sinto remorso. Isso é o que deve ser feito.”
O apoio local e a mensagem política
A cidade de Roubaix se posicionou em defesa da obra, com o vice-prefeito responsável pela cultura, Frédéric Lefebvre, declarando à emissora France 3 que “é uma mensagem política muito forte e poderosa”. A mural foi criada no contexto de um festival de cultura urbana apoiado pela prefeitura.
Desde seu retorno à Casa Branca em meio a um sentimento anti-imigração, Trump lançou uma campanha sem precedentes que ultrapassa os limites do poder executivo e entra em conflito com juízes federais que tentam contê-lo. Pessoas de diversos países têm sido deportadas para locais remotos e sem relação, como Sudão do Sul e a pequena nação africana de Eswatini.
A imigração como questão central
A questão da imigração se destaca como uma das mais fortes nas pesquisas públicas sobre Trump nos EUA. Esse mural em Roubaix não apenas enriquece a paisagem cultural da cidade, mas também reflete as tensões contemporâneas em torno da imigração e os desafios enfrentados por muitos ao redor do mundo.
Roubaix, que uma vez floresceu com uma próspera indústria têxtil, agora é uma das cidades mais pobres da França, devastada economicamente desde a década de 1970, quando os trabalhadores migrantes de diversas regiões da Europa e do Norte da África eram atraídos pela sua economia vibrante. O mural de de Leeuw, assim, também serve como uma poderosa lembrança da necessidade de reflexão profunda sobre o valor humano da liberdade e da dignidade.
Com isso, a obra de arte se torna não apenas estética, mas um chamado à ação e à empatia em tempos de divisão e desumanização.