Brasil, 20 de julho de 2025
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A alimentação ultraprocessada é a principal responsável pela obesidade

Estudo revela que a ingestão de alimentos ultraprocessados, e não a falta de exercício, é o principal fator para a obesidade.

Um estudo global inovador envolvendo mais de 4 mil pessoas, realizado pela Duke University, revela que a verdadeira razão por trás da epidemia de obesidade em países desenvolvidos é a elevada ingestão de alimentos ultraprocessados, ao invés da falta de atividade física. A pesquisa abrangeu 34 populações diversas, desde caçadores-coletores na Tanzânia até trabalhadores de escritório na Noruega, e seus resultados desafiam as suposições comuns sobre a obesidade.

A realidade das taxas de obesidade em países desenvolvidos

Com o aumento do acesso a alimentos industrializados, a obesidade se tornou uma preocupação crescente, especialmente em países ricos. O estudo, publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, descobriu que as populações desses países queimam, na verdade, mais calorias do que aquelas que seguem estilos de vida mais tradicionais. Contudo, são também significativamente mais obesas. Como isso se explica?

Os autores da pesquisa indicam que “a ingestão alimentar desempenha um papel muito maior do que a redução do gasto energético na alta prevalência de obesidade associada ao desenvolvimento econômico”. Os números são surpreendentes: os habitantes de nações desenvolvidas queimam, em média, mais calorias diárias do que aqueles em contextos de menor desenvolvimento.

Calorias queimadas e atividade física

O estudo utilizou uma técnica chamada “água duplamente marcada”, reconhecida como o padrão ouro na medição do gasto energético, para avaliar a quantidade de calorias queimadas diariamente. Curiosamente, os pesquisadores descobriram que, mesmo ajustando fatores como peso e massa muscular, as diferenças no gasto calórico diário entre países desenvolvidos e em desenvolvimento eram modestas, de aproximadamente 6%. Além disso, não houve uma queda significativa nos níveis de atividade física nas populações mais ricas, que mantiveram um nível semelhante de atividade ao longo de diversas culturas.

É importante notar que essa manutenção da atividade física não refuta a realidade da obesidade, mas levanta questões sobre as verdadeiras causas dessa condição. Enquanto o nível de atividade física se manteve constante, a alimentação se tornou cada vez mais rica em produtos ultraprocessados, que, segundo os pesquisadores, são mais fáceis de digerir e contêm ingredientes que dificultam a percepção de saciedade.

O impacto dos alimentos ultraprocessados

A pesquisa revelou claramente que as populações que consumiam uma maior proporção de alimentos ultraprocessados, como bebidas açucaradas, lanches industrializados e refeições prontas, apresentavam um índice de gordura corporal significativamente maior. Esses alimentos são projetados para serem convenientes e acessíveis, mas frequentemente contribuíam para um aumento no armazenamento de gordura corporal.

A ingestão de calorias elevadas, aliada à facilidade de absorção desses produtos, explica como, mesmo queimando mais calorias, os cidadãos de países desenvolvidos estão, paradoxalmente, cada vez mais obesos. O estudo sugere que os hábitos alimentares, e não a quantidade de movimento diário, são os principais determinantes da obesidade.

Implicações para a luta contra a obesidade

Os pesquisadores afirmaram que, embora a atividade física continue sendo essencial para a saúde geral — ajudando a prevenir doenças cardíacas e a melhorar o bem-estar mental —, para combater a obesidade, a qualidade dos alimentos ingeridos é crucial. O estudo observou também que o aumento do peso em países ricos não se deve apenas ao acúmulo de gordura, mas também a um ganho em massa muscular, o que pode refletir um melhor acesso a nutrientes.

Os resultados deste estudo desafiam a velha narrativa de que a obesidade é uma questão de “comer menos e se mover mais”. A mensagem principal parece ser que devemos reavaliar o que é disponível para consumo na sociedade, em vez de simplesmente atribuir a obesidade a fatores individuais como falta de exercício.

Os autores do estudo insistem na necessidade de mais pesquisas para entender os mecanismos por trás dessas associações, principalmente considerando que muitos dados dietéticos foram obtidos de apenas 25 das 34 populações estudadas. Com isso, fica claro que a relação entre desenvolvimento econômico, consumo de ultraprocessados e aumento das taxas de obesidade requer uma análise mais profunda e abrangente.

Essas descobertas não apenas moldam o entendimento sobre a obesidade, mas também podem influenciar futuras campanhas de saúde pública, que devem focar na melhoria da qualidade da dieta da população, em vez de promover apenas a prática de exercícios físicos.

Nota: Este estudo é observacional e não estabelece relações de causa-efeito. Mais investigações são necessárias para esclarecer os mecanismos fisiológicos e ambientais que contribuem para a obesidade em contextos de desenvolvimento econômico.

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