A ONG Ecomov fez uma surpreendente descoberta nas praias do Itaguaré e Guaratuba, em Bertioga, no litoral de São Paulo. Durante uma limpeza nas áreas de preservação ambiental, foram recolhidas 32 embalagens de lixo de origem internacional, das quais 82% eram provenientes da China. O resultado da ação chamou a atenção pelos tipos de resíduos encontrados e pela crescente presença de lixo estrangeiro nas belezas naturais da região.
A coleta de lixo e seus achados
No total, a equipe da Ecomov coletou 283 embalagens, tanto de origem nacional quanto internacional. O presidente da ONG, Rodrigo Azambuja, expressou sua surpresa com a coleta, que ocorreu em áreas protegidas pela Fundação Florestal. O lixo, segundo ele, estava acumulado dentro de um barco que havia sido enterrado na areia, entre a vegetação e a faixa de areia. Este tipo de localização é comum em áreas poluídas, onde a dinâmica das marés contribui para o acúmulo de resíduos.
De cada 32 embalagens internacionais, 24 foram catalogadas através de QR Codes e outros métodos de identificação como sites e códigos de barras. Os itens encontrados incluíam sachês, temperos, desodorantes, selantes, óleos, desinfetantes e até água mineral. Em termos de peso, 2,3 kg dos 73 kg totais de resíduos eram de origem internacional.
A preocupação com o meio ambiente
Azambuja também enfatizou a existência de um inquérito civil aberto pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) que busca investigar a origem desses resíduos. Ele mencionou que, além dos itens recentes encontrados, foram identificados materiais mais antigos em degradação, sugerindo uma continuidade do problema de lixo descartado por navios na região.
Estatísticas alarmantes
Os dados revelam um aumento significativo no volume de lixo internacional nas praias do litoral paulista. Em 2024, a Ecomov registrou 1.218 resíduos de origem estrangeira, um aumento alarmante de 453,6% desde 2019. Frente a esse cenário, o MP-SP iniciou uma investigação para apurar a origem dos materiais descartados de forma ilegal.
Entre setembro de 2023 e novembro de 2024, a ONG encontrou 1,2 mil itens de lixo internacional, incluindo um botijão de gás e diversas embalagens de produtos alimentícios e não alimentícios de países como China, Coreia do Sul, Rússia e Irã. O botijão de gás, considerado o achado “mais polêmico”, destaca a seriedade da questão do lixo nos oceanos e sua repercussão nas áreas costeiras.
Análise da crescente tendência
Com a análise do lixo encontrado ao longo dos anos, é evidente que a situação está se agravando. Em 2019, foram registrados apenas 220 resíduos de 13 países, enquanto em 2024 esse número subiu para 1.218 itens provenientes de 20 nações diferentes. Isso despertou uma preocupação crescente em relação à poluição marinha e a saúde das ecossistemas locais nas praias de São Paulo.
Nesta época do ano, a velocidade da corrente marinha tende a aumentar, trazendo uma maior quantidade de lixo para a orla. Para Azambuja, a expectativa é que os números de 2025 possam se igualar ou até superar os do ano anterior, dada a tendência crescente dos dados observados.
Conclusão
A presença de lixo internacional nas praias do Brasil, especialmente no litoral paulista, é um desafio que requer a atenção de todos — do governo às ONGs e à população em geral. Com iniciativas como a da Ecomov, é possível promover a conscientização e o engajamento em torno da preservação ambiental. O registro de dados e a investigação de práticas ilegais são fundamentais para combater a poluição e preservar a beleza natural das praias brasileiras.
As ações de limpeza e a educação ambiental desempenham um papel crucial na proteção do meio ambiente e na transformação da consciência coletiva. Somente com esforço conjunto será possível garantir uma natureza limpa e saudável para as futuras gerações.