O Brasil alcançou a marca de 122.102 pessoas monitoradas por tornozeleiras eletrônicas até o final de 2024, de acordo com informações da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Esses números, que são atualizados a cada semestre, revelam um crescimento contínuo desde o início da série histórica, em 2016. O último levantamento, que abrangeu o segundo semestre de 2023, será complementado por novos dados que devem ser divulgados em agosto deste ano.
A popularização da tornozeleira eletrônica
As tornozeleiras eletrônicas são dispositivos que permitem o monitoramento de pessoas sob investigação judicial. Pesando apenas 128 gramas, esses aparelhos são equipados com GPS e modem, possibilitando a transmissão de dados via sinal de celular. Ao final de 2024, a composição dos monitorados revelava que 107.393 eram homens, correspondendo a 87,95% do total, enquanto 14.709 mulheres utilizavam o dispositivo.
É importante ressaltar que esse número não inclui indivíduos que começaram a ser monitorados posteriormente, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que começou a usar a tornozeleira eletrônica em maio de 2024, após uma decisão do Supremo Tribunal Federal.
Composição dos monitorados por tornozeleira eletrônica
A pesquisa realizada a partir dos dados de 2024 fornece um panorama sobre o perfil das pessoas que utilizam a tornozeleira eletrônica no Brasil:
- Presos provisórios (sem condenação): 29.553
- Presos sentenciados (regime fechado): 4.239
- Presos sentenciados (regime semiaberto): 65.673
- Presos sentenciados (regime aberto): 22.111
- Medida de segurança – internação: 208
- Medida de segurança – tratamento ambulatório: 318
Crescimento no uso da tornozeleira eletrônica
Desde o início da série histórica em 2016, houve um aumento impressionante de 95,06% no uso de tornozeleiras eletrônicas no Brasil. Se em 2016 o número total de monitorados era de apenas 6.027 pessoas, esse número disparou para 122.102 em 2024. Um fato significativo foi observado em 2020, ano marcado pela pandemia de Covid-19, que viu um aumento de 55.899 novos monitoramentos, especialmente para indivíduos do grupo de risco que foram colocados em regime domiciliar.
Dados por estado: desigualdade no monitoramento
Os dados também mostram disparidades significativas no uso de tornozeleiras eletrônicas entre os estados brasileiros. Os três estados com o maior número de indivíduos usando o dispositivo são:
- Paraná: 17.996
- Rio Grande do Sul: 10.582
- Mato Grosso do Sul: 10.144
Por outro lado, os estados com menor uso de tornozelas eletrônicas são Roraima, Amapá e São Paulo. Confira a lista completa de monitoramentos por estado:
- Acre: 2.719
- Alagoas: 1.670
- Amazonas: 1.730
- Amapá: 697
- Bahia: 2.407
- Ceará: 10.128
- Distrito Federal: 1.354
- Espírito Santo: 848
- Goiás: 10.190
- Maranhão: 1.203
- Minas Gerais: 7.895
- Mato Grosso do Sul: 10.144
- Mato Grosso: 5.813
- Pará: 5.568
- Paraíba: 3.179
- Pernambuco: 5.703
- Piauí: 1.172
- Paraná: 17.996
- Rio de Janeiro: 8.374
- Rio Grande do Norte: 2.661
- Rondônia: 3.214
- Roraima: 120
- Rio Grande do Sul: 10.582
- Santa Catarina: 3.460
- Sergipe: 1.327
- São Paulo: 731
- Tocantins: 1.217
Considerações finais sobre o monitoramento eletrônico
O crescente uso de tornozeleiras eletrônicas no Brasil levanta questões importantes sobre o sistema penal e as alternativas ao encarceramento. À medida que o número de pessoas monitoradas continua a crescer, é essencial que a sociedade e as autoridades discutam e analisem os impactos sociais, legais e éticos desse tipo de monitoramento. A utilização de tornozeleiras eletrônicas pode oferecer uma forma de supervisionar indivíduos sem a necessidade de encarceramento, mas também faz surgir debates em torno do controle social e da privacidade.
Para assistir a um vídeo explicando como funciona a tornozeleira eletrônica, acesse [aqui](https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2025/07/19/brasil-tem-mais-de-120-mil-tornozeleiras-eletronicas-ativas-veja-perfil-dos-monitorados-e-numeros-por-estado.ghtml).