Brasil, 19 de julho de 2025
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Abipesca solicita linha de crédito para enfrentar tarifação nos EUA

Setor de pescados busca apoio do governo para minimizar impactos do aumento de tarifas de 50% pelos Estados Unidos

A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca) prepara um pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para criar uma linha de crédito de R$ 800 milhões a R$ 900 milhões, com carência de seis meses, destinada aos exportadores do setor. A iniciativa busca mitigar os efeitos do aumento de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, que ameaça cerca de 35 indústrias e 20 mil trabalhadores, incluindo pescadores artesanais.

Medidas financeiras para conter os efeitos do tarifão

Segundo Eduardo Lobo, presidente da Abipesca, a linha de crédito, semelhante ao Plano Safra, permitiria a manutenção do fluxo de exportações por um período de 90 a 120 dias. “Com esse montante, conseguimos aliviar a pressão financeira e manter a cadeia de produção e emprego”, explicou Lobo, em entrevista. A proposta será encaminhada nesta sexta-feira ao presidente Lula, que deverá, inclusive, participar pessoalmente das negociações para reabrir o mercado europeu para os pescados brasileiros, bloqueado desde 2017.

Dependência do mercado americano e desafios futuros

Atualmente, aproximadamente 70% do pescado brasileiro tem como destino o mercado dos Estados Unidos. Existem cerca de um milhão de quilos de pescado prontos para exportação, avaliado em R$ 300 milhões, que estão armazenados nos portos, indústrias e embarcações de pesca. Lobo destacou que o maior problema do setor não é a perecibilidade do produto, que pode ser congelado por até dois anos, mas a falta de capital de giro para sustentar altos estoques. Caso a tarifa seja efetivamente implementada, a indústria será obrigada a reduzir sua produção, afetando toda a cadeia da piscicultura, especialmente os pescadores artesanais.

“Nossa dependência com o mercado americano é absoluta, não temos um plano B”, alertou Lobo. Ele explicou que, se os EUA aplicarem a tarifa de 50%, produtos de países como República Dominicana, Jamaica, Nicarágua, Colômbia e México poderão substituir as vendas brasileiras a preços mais competitivos.

Reabertura do mercado europeu e obstáculos atuais

Outro objetivo da Abipesca é a reabertura do mercado europeu, suspensa por questões sanitárias e de rastreabilidade — problemas que, segundo Lobo, já foram superados. No entanto, a retomada depende de uma auditoria por parte de representantes da União Europeia no Brasil, prevista para ocorrer nos próximos 12 meses. Mesmo assim, o setor acredita ser possível negociar a retomada antes dessa auditoria, com o envolvimento direto do presidente Lula, que possui influência internacional para acelerar o processo.

“Vamos solicitar ao vice-presidente Geraldo Alckmin que trabalhe pelo fim do embargo. É preciso ajustar embalagens e cortes específicos para o mercado europeu, e esse processo deve durar cerca de 90 dias”, detalhou Lobo.

Implicações e perspectivas do setor

De acordo com Lobo, redirecionar a produção para o mercado interno não é viável, pois o preço dos produtos seria inviável para os consumidores domésticos. Mesmo com uma quantidade significativa de pescado estocada, o setor enfrenta dificuldades para colocar esse volume no mercado interno, devido a custos e à adequação de embalagem.

O presidente da Abipesca reforçou que o setor enfrenta uma dependência quase absoluta do mercado norte-americano, o que torna a situação particularmente delicada diante das tarifas impostas por Washington. A saída, na avaliação de Lobo, é buscar alternativas na União Europeia e fortalecer a negociação direta com os Estados Unidos, na esperança de evitar uma crise mais ampla na cadeia produtiva de pescado.

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