A irmã Nabila Saleh, integrante da Congregação das Rosary Sisters, vive fora da Faixa de Gaza, mas seu coração permanece ligado à paróquia da Sagrada Família, onde por anos compartilhou da dolorosa realidade da guerra. Em meio a um cenário de destruição e tragédia, a missionária resgata memórias de pessoas que se tornaram símbolo de amor e dedicação em uma comunidade marcada pelo sofrimento.
Um testemunho de dor e esperança
“Sofro muito por eles. Digo a todos os governantes do mundo: basta! Digam uma palavra de justiça e paz! O povo já sofreu muito”, desabafa a irmã Nabila em um emocionante testemunho difundido pela mídia vaticana. A religiosa, de origem egípcia, reside atualmente fora de Gaza, mas durante 15 anos viveu dentro da cidade, primeiro como diretora da maior escola privada da região e depois como missionária na paróquia latina. Os recentes bombardeios, que afetaram diretamente a comunidade que ela tanto ama, reacenderam a dor em seu coração.
Os ecos da guerra
Numa quinta-feira fatídica, a paróquia da Sagrada Família foi alvo de um bombardeio, e a irmã Nabila não conteve sua preocupação ao entrar em contato com a comunidade. “Disseram-me que têm muito medo de que os bombardeios continuem e dizem ‘basta, não temos mais forças’”, relata a missionária, que sempre buscou apoiar os jovens em sua educação e dar suporte aos necessitados. Ela lembra das vítimas, especialmente dos que perderam suas vidas no ataque brutal.
Homenagem às vítimas da guerra
A irmã não esquece de mencionar Foumia Issa Latif Ayyad, diretora das escolas da Unrwa, uma mulher de grande bondade que, mesmo adoentada, compartilhava sua fé e experiência com os outros. “Ela sempre contava sobre sua vida e lia o Evangelho”, lembra a missionária. Também comovida, a irmã Nabila menciona Saad Issa Kostandi Salameh, o zelador da paróquia, que dedicou sua vida a ajudar os outros. “Ele era muito bom e sempre estava disposto a ajudar. Que o Senhor lhes dê paz e vida eterna”, ela acrescenta, evidenciando a dor sentida por perder pessoas tão queridas.
A busca por justiça e solidariedade
As palavras da irmã Nabila ecoam um clamor por justiça que ainda ressoa em Gaza. “Porque eu sei o que é a guerra… basta!”, expressa a missionária, conforme os ecos da violência ainda assombram a vida dos habitantes da região. Ela lembra de um ataque anterior, há dois anos, quando a Paróquia de São Porfírio foi bombardeada — um local que, como a paróquia da Sagrada Família, servia de refúgio para muitos. “Não se pode ficar em silêncio, não há justiça”, disse a irmã na época, denunciando a brutalidade e defendendo os direitos humanos em meio à tragédia.
A continuidade da esperança
Com o aumento da violência e a constante disposição em servir, a irmã Nabila personifica a resiliência de muitos que permanecem em Gaza. Enquanto a comunidade sofre as consequências dos conflitos, ela clama por um futuro onde a paz seja uma realidade não apenas sonhada, mas vivida. “Por favor, não nos abandonem. Precisamos da voz das pessoas que ainda acreditam na paz”, finaliza a irmã, um eco de esperança em meio ao desespero. Vidas marcadas pela guerra, mas também pela fé e solidariedade. O testemunho da irmã Nabila ressoa não apenas como um apelo à ação, mas também como um lembrete do poder da compaixão humana.