A saúde das árvores em Bauru, interior de São Paulo, tem gerado preocupação entre os residentes. Recentemente, a Prefeitura anunciou o novo plano de arborização do município, que visa revitalizar as áreas verdes e garantir a adequada manutenção das árvores, uma medida que promete reduzir os riscos de quedas de galhos e melhorar a sensação térmica em áreas urbanas.
O desafio da falta de manutenção
Maria Amélia Venâncio, moradora da Vila Dutra há três décadas, é uma das pessoas afetadas pela precariedade do sistema de arborização. A árvore em frente à sua residência tem causado danos às calçadas e muros, especialmente nos dias de tempestade e ventos fortes. “Eu fico insegura, com medo, porque tem crianças por perto. A raiz da árvore está até no meu banheiro”, desabafa em entrevista à TV TEM.
A preocupação de Maria reflete uma situação mais ampla na cidade, onde muitas árvores encontram-se doentes ou mal cuidadas, representando um sério risco à segurança da população. Apesar de ter tentado remover a árvore, ela enfrenta dificuldades financeiras e as altas taxas de supressão, que podem variar de R$ 3 mil a R$ 4 mil, são uma barreira quase intransponível.
Plano de Arborização: ações e prazos
Reconhecendo a necessidade de ação, a prefeitura de Bauru formalizou, no dia 14 de julho, um contrato com a empresa Neofloresta Serviços Ecossistêmicos para o desenvolvimento do Plano Diretor de Arborização Urbana. Com previsão de conclusão em um ano, o plano será dividido em quatro etapas:
1. Relatório preliminar
Caracterização do município e levantamento das informações existentes sobre a arborização.
2. Diagnóstico preliminar e planejamento técnico
Levantamento qualitativo e quantitativo das árvores existentes, além da avaliação das que estão em risco de queda.
3. Planejamento de arborização urbano
Gestão, manutenção e monitoramento das árvores, incluindo a minuta do Plano Municipal de Arborização.
4. Participação popular
Ouvir a comunidade através de audiências públicas e apresentar propostas de gestão e revisão da legislação de arborização urbana.
Segundo as estimativas da Prefeitura, as duas primeiras etapas devem ser concluídas em até cinco meses, enquanto a terceira e quarta fase levarão mais sete meses, totalizando doze meses para a elaboração completa do plano que visa garantir um ambiente urbano seguro e mais resilientem às mudanças climáticas.
“Dentro de 12 meses, qualquer pessoa vai poder acessar informações sobre a árvore na sua casa, saber quanto tempo ela tem de vida e identificar riscos”, afirmou Sidnei Rodrigues, coordenador de Políticas para o Meio Ambiente.
O suporte a moradores em situação de vulnerabilidade
Embora a legislação atual determine que a supressão das árvores deve ser realizada pelo proprietário do imóvel, foram estabelecidos mecanismos de apoio para aqueles em situação de vulnerabilidade social. Essas pessoas podem ser encaminhadas à Secretaria do Meio Estar Social, onde será feita uma avaliação socioeconômica para que a remoção seja efetivada pela Prefeitura.
Como identificar árvores em risco?
Com a previsão de remoção anual de muitas árvores, certamente surgem dúvidas sobre como identificar uma árvore que pode representar um risco. A bióloga e especialista em Botânica, Angélica Rodrigues, compartilha algumas dicas úteis:
- Árvore sem folhas ou em processo de queda de folhagens.
- Presença de ocos ou rachaduras no tronco.
- Manchas no tronco.
- Tronco solto e instável.
No ano de 2024, mais de 530 árvores foram removidas com autorização da Secretaria do Meio Ambiente e mais de 4 mil podas foram realizadas em Bauru. A ação busca não apenas garantir a segurança dos cidadãos, mas também restaurar o verdor da cidade e contribuir para um clima urbano mais agradável.
A expectativa é que com a implementação bem-sucedida do Plano de Arborização, Bauru se torne um exemplo de cuidado com o meio ambiente e de valorização das áreas verdes. A população poderá acompanhar as mudanças e participar ativamente na preservação da cidade.
Para mais informações e novidades sobre o plano, confira o portal do g1 Bauru e Marília.