O ex-zagueiro Leandro Castan, atualmente com 38 anos, abriu o coração em uma emocionante entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera. Ele relembrou um dos capítulos mais desafiadores de sua vida: a descoberta de um cavernoma no cérebro em 2014, durante sua passagem pela Roma. O que começou como um desconforto muscular durante uma partida se transformou em um grave problema de saúde, que quase pôs fim à sua carreira no alto nível.
A descoberta do problema de saúde
Castan narrou que, durante o intervalo de um jogo contra o Empoli no dia 13 de setembro de 2014, ele se sentiu mal e foi substituído. “Naqueles 15 minutos, a minha carreira terminou. Uma parte de mim morreu”, disse Castan, revelando a angustiante transformação que sua vida tomou. Ao chegar em casa, a situação se agravou. “Comecei a me sentir muito mal. No dia seguinte, minha cabeça girava. Achei que ia morrer”, afirmou.
Nos dias seguintes, o jogador ficou sem um diagnóstico preciso, mergulhando em um mar de angústia e isolamento. “Vomitei muito, perdi 20 quilos. Não conseguia ficar de pé. A Roma preferiu esconder tudo no início”, contou. Castan ficou chocado ao descobrir pelas redes sociais que tinha um tumor. “Li no Twitter: ‘Leandro Castan tem um tumor, pode morrer’. Ninguém tinha me contado nada”, lamentou.
O diagnóstico e suas implicações
O diagnóstico definitivo veio semanas depois: cavernoma cerebral, uma má-formação vascular que poderia causar uma hemorragia fatal com qualquer impacto na cabeça. “Os médicos disseram: ou paramos, ou você faz uma cirurgia muito perigosa. Abrir a cabeça. Eu não queria”, relembra o ex-jogador. Mesmo diante de tanta incerteza, um sinal de esperança surgiu quando sua esposa revelou que ele seria pai novamente. “Foi um sinal de Deus”, disse Castan.
A fé e a família tornaram-se seu sustento durante este difícil momento, levando-o a decidir pela cirurgia, mesmo ciente dos riscos, para continuar vivo por seus filhos. “Quando acordei da operação, chorei com a minha mulher. Eu estava vivo”, contou emocionado.
A recuperação e os desafios enfrentados
Entretanto, a recuperação não foi fácil. “Não conseguia mexer os pés. No primeiro treino, tentei parar a bola e ela passou entre minhas pernas. O pé não respondeu. Eu chorava. A frustração era gigante”, revelou, expressando a batalha emocional e física que enfrentou. Apesar do sofrimento, Castan mantém um sentimento de gratidão. “A Itália e a Roma me salvaram. Me acolheram, renovaram meu contrato mesmo sem jogar. Se eu estivesse no Brasil, talvez não estivesse aqui hoje”, afirmou, reconhecendo o apoio que recebeu.
O ex-jogador também recebeu incentivo de grandes nomes do futebol italiano, como Baresi, Del Piero, Bonucci e Allegri, que ficaram ao seu lado durante essa fase tão difícil.
A vida após o futebol
Castan, que foi capitão do Vasco e conquistou a Libertadores pelo Corinthians, encerrou oficialmente sua carreira em 2023. Sua entrevista é um testemunho de dor, fé e superação; de um atleta que, mesmo sem retornar ao auge, venceu a batalha mais importante: a da vida. A trajetória de Leandro Castan é um exemplo de resiliência e demonstra como a esperança e o amor pela família podem ser fundamentais nos momentos mais sombrios.
