As recentes divergências políticas no campo da direita brasileira concerning a taxa de 50% sobre produtos nacionais, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm gerado incertezas em relação aos planos de candidatura única para as eleições presidenciais de 2026. Apesar de a eleição ainda estar distante, figuras importantes do cenário político afirmam que será necessário um esforço de união para enfrentar os desafios que se avizinham.
Dificuldades de união no campo da direita
Parlamentares que preferem permanecer anônimos admitem que a imagem de alguns dos políticos mais próximos ao bolsonarismo sofreu desgaste, mas minimizam os impactos potenciais nas eleições do próximo ano. Na visão de um setor da direita, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), destaca-se como o nome mais apto a unir o grupo em oposição ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao Partido dos Trabalhadores.
Os críticos, no entanto, não alertam apenas para a divisão interna, mas também para uma possível pulverização das candidaturas de centro-direita, que, de acordo com esse grupo, pode ocorrer caso um candidato da família Bolsonaro, como Eduardo (PL-SP) ou Michelle Bolsonaro, tenha candidaturas. Os efeitos dessa fragmentação podem ser desastrosos para o grupo ao concorrer contra um candidato do partido de Lula.
A troca de farpas entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio
Recentemente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro fez críticas ao governador de São Paulo através da plataforma social X, apontando uma “subserviência servil às elites” após uma reunião de Tarcísio com empresários. Em uma entrevista, Eduardo criticou a postura de Tarcísio em manter relações com o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, afirmando que Tarcísio nunca o contatou desde que ele se mudou para os Estados Unidos.
Após estas declarações, o deputado foi desautorizado por seu pai, Jair Bolsonaro, que pediu a ele para cessar as críticas a um de seus principais aliados políticos. Em uma conversa com aliados, o ex-presidente se manifestou em defesa de Tarcísio, afirmando que ele “faz mais que o ministro do Itamaraty” nos esforços de negociação com a Casa Branca.
Críticas à postura de Eduardo Bolsonaro
Aliados de Jair Bolsonaro expressaram descontentamento com a postura adotada por Eduardo. Durante sua estada nos Estados Unidos, ele chegou a comemorar as tarifas impostas pelo governo americano e admitiu ter participado de negociações que resultaram nessa pressão contra o Brasil. Essa postura é vista com desaprovação por correligionários que consideram inaceitável a comemoração de um filho do ex-presidente diante de uma situação adversa para o país.
Alguns membros do Partido Liberal, que apoiavam Jair Bolsonaro, se manifestaram contra o comportamento de Eduardo, chamando sua radicalização de “insanidade”. Isso reflete uma crescente preocupação dentro da direita sobre a fragilidade do eleitorado bolsonarista e as possíveis consequências de uma divisão interna.
A crescente popularidade de Lula
Pesquisas recentes revelam que a base de apoio ao bolsonarismo foi fortemente impactada pela defesa da taxação nas redes sociais. Ao mesmo tempo, os dados indicam um aumento na popularidade do governo Lula, que começa a liderar os cenários eleitorais para 2026. Caciques do centrão, que mantém alinhamento com o Planalto, acreditam que a popularidade do presidente deve crescer ainda mais à medida que as eleições se aproximam, sendo o embate com Trump um fator estimulante nessa escalada.
“O tarifaço apenas expôs que quem se autointitula patriota não passa de um oportunista. A verdade é que Lula sempre foi, é e será um candidato muito competitivo”, destacou um líder partidário que preferiu não se identificar.
Com este cenário conturbado, a direita brasileira enfrenta um verdadeiro dilema. Se por um lado, as distâncias e divergências internas podem gerar uma competição feroz entre nomes que antes se apresentavam como aliados, de outro, o fortalecimento da candidatura de Lula se coloca como uma ameaça real aos planos de uma unificação da direita em 2026.
A crise de identidade e as tensões internas da direita poderão ser os grandes temas nos próximos meses, à medida que os partidos e candidatos se organizam em busca de um equilíbrio que garanta uma posição competitiva nas eleições presidenciais que se aproximam.