No cenário de um protesto que já se estende por mais de dois meses, os professores da rede municipal de Salvador têm se reunido em busca de melhores condições de trabalho e do pagamento do piso nacional. O secretário de Educação de Salvador, Thiago Dantas, anunciou nesta quinta-feira (17) que, devido à greve, o calendário letivo será estendido até janeiro de 2026, alterando a previsão inicial que era para o término na primeira quinzena de dezembro deste ano.
Ajustes no calendário escolar e impacto no ensino
Com aproximadamente 131 mil alunos matriculados em 415 unidades de ensino na cidade, a extensão do calendário letivo visa garantir que os estudantes consigam cumprir os 200 dias de aulas exigidos. “Esse ajuste é necessário para garantir a aprendizagem dos alunos no ano letivo de 2025”, afirmou Dantas em entrevista à TV Bahia.
Embora a greve tenha causado um prejuízo significativo na rotina escolar, o secretário destacou que 90% das escolas permanecem em funcionamento, apesar de 41 dias letivos terem sido prejudicados pela paralisação. Na tentativa de minimizar os impactos, ações como a “Aprender Mais”, que ocorrerá no próximo sábado (19), permitirão que parte dos alunos retorne às escolas para atividades de recomposição do conteúdo não ministrado.
Negociações entre prefeitura e professores
As negociações entre a prefeitura e o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) têm avançado, e, na última rodada realizada, foi estabelecido o pagamento do piso nacional de R$4.867,77. Contudo, o secretário ressalta que a proposta apresentada pelo governo foi o máximo que a gestão municipal pode oferecer.”Todos os pontos que poderiam ser concedidos já foram”, afirmou.
Na assembleia marcada para o dia 18 de julho, a APLB pretende divulgar a posição da categoria em relação às recentes negociações. Desde o início da greve, os professores têm reivindicado o cumprimento do piso nacional, além de melhorias nas condições de trabalho, como climatização das salas de aula e acesso a materiais pedagógicos adequados.
Histórico da greve
A greve dos professores teve início em 4 de maio, quando a categoria denunciou o não pagamento do piso nacional. A situação se agravou com a proposta de reajuste salarial de apenas 4%, que foi amplamente rejeitada pelos educadores. A pressão aumentou quando o Tribunal de Justiça da Bahia determinou a suspensão imediata da greve, mas a categoria decidiu manter a paralisação.
As tensões atingiram um pico em maio, quando o Ministério Público recomendou que a prefeitura fornecesse alimentação para os alunos que estavam sem aulas. A administração municipal acatou a recomendação e começou a oferecer refeições durante o horário escolar, mas a insatisfação dos professores permanece.
Reivindicações da categoria
A APLB apresentou uma lista extensa de reivindicações, incluindo:
- Gratificação de diretores e vice-diretores com aumento de 5% sobre os vencimentos.
- Conversão de tabelas de gratificação em percentuais.
- Manutenção da gratificação de aprimoramento em percentuais de 2,5%, 5%, 7,5%, até um teto de 25% do vencimento base.
- Realização de concurso público em 2025 para professores e coordenadores pedagógicos.
- Climatização de 100% das salas de aula até dezembro de 2025.
- Prioridade para aposentadorias.
Essas demandas refletem uma luta não apenas por aumento salarial, mas também por melhores condições de ensino, que são cruciais para a formação dos alunos na cidade.
Próximos passos e cenário futuro
Com assembleias agendadas e a pressão crescente por parte dos educadores, espera-se que as próximas semanas sejam fundamentais para determinar o rumo da greve e as possíveis soluções para os impasses. A expectativa é que, com a extensão do calendário letivo e as novas negociações, a situação se estabilize e que os direitos dos professores sejam respeitados.
Os desafios enfrentados pela educação municipal em Salvador estão longe de serem resolvidos, mas o diálogo aberto entre a prefeitura e os educadores poderá ser um caminho para garantir a qualidade do ensino e o respeito aos profissionais da educação. O futuro da educação na cidade depende de uma resolução justa que atenda às necessidades tanto dos alunos quanto dos professores.
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