Brasil, 18 de julho de 2025
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Investigações dos EUA sobre práticas comerciais brasileiras tensionam negociações

Especialistas avaliam o impacto da investigação americana na relação comercial do Brasil, que enfrenta dificuldades em negociação de produtos

A avaliação da economista Lia Valls, pesquisadora associada do FGV Ibre e professora da Uerj, indica que o governo americano abriu uma investigação sobre as práticas comerciais brasileiras, buscando respaldo para possíveis taxações. A carta dirigida ao governo brasileiro, divulgada nas redes sociais do presidente dos EUA, apresentava um tom político e informações contestadas, como um suposto superavit brasileiro na relação bilateral, quando, na verdade, o Brasil acumula déficit há 15 anos.

Perspectivas de negociação e limites do Brasil

Se as discussões envolverem legislação americana, uma audiência pública marcada para setembro permitirá ao Brasil apresentar suas respostas às alegações. No entanto, Lia pondera que, caso o debate seja de fato comercial, as margens de negociação do Brasil são restritas. Ela menciona que, além do etanol, o Brasil poderia ceder em tarifas de máquinas e equipamentos, embora isso represente um risco de criar acordos preferenciais que possam gerar problemas com a União Europeia.

Item negociável e outros pontos de atenção

Produtos em discussão

Leonardo Paz Neves, professor de relações internacionais do Ibmec-RJ, acrescenta à lista de itens negociáveis o aço e o suco de laranja. Contudo, reforça que não há base sólida para um conflito comercial real com os Estados Unidos, reforçando que a disputa não trata de aspectos comerciais tradicionais.

Contexto da Watch List e avanços recentes

Desde maio, o Brasil integra a Watch List do Relatório Especial 301 do USTR, que aponta países que adotam práticas supostamente desleais na proteção da propriedade intelectual. Apesar dos avanços na luta contra a pirataria, há críticas à lentidão na análise de patentes. Segundo Lia, a iniciativa de combate à pirataria é de interesse do próprio Brasil.

Escalada de tensões e interesses americanos

De acordo com Benny Spiewak, advogado e especialista em direito internacional, o relatório vem se tornando uma ameaça, com os EUA aproveitando a investigação para pressionar o Brasil a cumprir demandas específicas sob risco de sanções. Ele afirma que o momento é de maior tensão, especialmente com a tarifa de 50% em discussão.

Polêmicas envolvendo mercado digital e diferenças ambientais

Lia destaca que as alegações dos EUA referentes ao comércio digital e pagamento eletrônico, especialmente sobre o PIX, refletem interesses de empresas americanas como Google, insatisfeitas com a regulamentação do STF e a concorrência do PIX. Quanto às acusações de corrupção, ela ressalta que o Brasil deve rebater com força, dada a forte alegação de desrespeito às leis locais e protocolos de transparência.

Desafios no cenário internacional e histórico de sanções

Sobre o desmatamento, Lia ironiza a crítica dos EUA, lembrando que eles próprios saíram do Acordo de Paris. Ela explica que o uso de preferências tarifárias como desleais é questionável, pois a prática é permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Historicamente, o Brasil já enfrentou investigações, como em 1989 na área farmacêutica, que resultaram em sanções de US$ 39 milhões, posteriormente retiradas.

Perspectivas futuras e riscos de politização

A especialista acredita que o processo de taxação deve desacelerar, pois uma audiência pública em setembro poderá determinar o cronograma das tarifas. Porém, ela alerta que, com Trump, essa lógica nem sempre funciona, e há risco de decisões enviesadas. Além disso, destaca que a balança comercial do Brasil piorou com os EUA, reflexo de aumento nas importações e do câmbio, além da redução do superavit com a China.

Dados recentes do comércio exterior brasileiro

Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex) da FGV/Ibre, as exportações para os Estados Unidos crescem, mas com sinais de desaceleração. Em abril, houve alta de 13,5%, seguida de 9% em maio e junho, indicando uma trajetória de crescimento que agora se estabiliza.

Para mais detalhes, acesse a matéria completa no Fonte original.

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