Brasil, 17 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Câmara dos Deputados aprova novas regras para licenciamento ambiental

Aprovação de novo projeto gera polêmica e críticas de ambientalistas.

A Câmara dos Deputados aprovou na última quinta-feira (17) o projeto de lei que estabelece novas regras de licenciamento ambiental, enviado para sanção presidencial. O projeto, que incorpora 29 emendas do Senado ao Projeto de Lei 2159/21, prevê a criação de novos tipos de licenças, diminuição de prazos de análise e simplificação das adesões aos processos de licenciamento.

Novo modelo de licenciamento ambiental

Uma das principais inovações trazidas pelo projeto é a criação da Licença Ambiental Especial (LAE). Este tipo de licença será direcionado a empreendimentos considerados estratégicos por um conselho governamental ligado à Presidência da República. É importante destacar que a LAE poderá ser concedida mesmo em casos em que os projetos sejam reconhecidamente causadores de “significativa degradação do meio ambiente”.

O prazo estipulado para a conclusão das análises e apresentação da decisão sobre o pedido de licença é de 12 meses. Ao serem aprovados, os empreendimentos terão um prazo de validade de 5 a 10 anos.

Licenciamento Ambiental Simplificado por Adesão e Compromisso (LAC)

O projeto também introduz o licenciamento ambiental simplificado por adesão e compromisso (LAC). Este tipo poderá ser solicitado sem a necessidade de estudos de impacto, permitindo que atividades como pavimentação e duplicação de rodovias sejam realizadas de maneira mais ágil.

O controle do porte e do potencial poluidor das atividades ficará a cargo dos entes federativos. A vigência da LAC será de 5 a 10 anos, e o projeto ainda isenta de licenciamento ambiental serviços e obras de manutenção em infraestrutura existente.

Condições para o licenciamento

A concessão da LAC exigirá que os interessados cumpram condições como o conhecimento das características da região onde a atividade será realizada e dos impactos ambientais associados. Além disso, intervenções que impliquem a derrubada de vegetação dependem de autorização ambiental.

Em outra emenda, a análise por amostragem do Relatório de Caracterização do Empreendimento (RCE) foi tornada facultativa, o que representa uma mudança significativa em relação ao que previa o projeto original.

Redução de poderes para autoridades de controle ambiental

O novo projeto também retira poder de algumas autoridades na definição dos tipos de atividades e empreendimentos que deverão passar pelo processo de licenciamento. Órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) terão suas manifestações consideradas apenas se apresentadas dentro de prazos estabelecidos.

Repercussão e críticas

A aprovação do projeto, que ocorreu durante a madrugada, gerou intensa repercussão e críticas de diversos parlamentares e órgãos ambientais. A deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) chamou a medida de “o maior retrocesso ambiental dos últimos 40 anos” e expressou sua preocupação com os riscos para comunidades tradicionais e indígenas.

“O Congresso Nacional aprovou o PL da devastação, que enfraquece as leis ambientais e facilita o desmatamento”, afirmou em suas redes sociais.

A visão de ambientalistas

A ONG WWF-Brasil classificou o projeto como o “PL da Devastação”, indicando que ele poderá desmantelar o sistema de licenciamento ambiental no Brasil. A entidade se mostrou preocupada com as consequências irreversíveis que a nova legislação poderá ter para a biodiversidade e as condições climáticas do país.

“Trata-se de uma decisão tomada sem diálogo com a sociedade, cujos impactos serão irreversíveis para as pessoas, o clima e a biodiversidade”, ressaltou a nota emitida pela organização.

Impactos futuros

O novo modelo de licenciamento pode ameaçar a segurança hídrica e representar um ataque aos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. A ausência de um diálogo mais amplo sobre a legislação e sua aprovação em meio a um clima de controvérsia levantam questões sobre os reais interesses por trás das novas regulatórias.

Enquanto as autoridades defendem as mudanças como necessárias para o desenvolvimento econômico, o temor é de que essas alterações resultem em um aumento nas atividades predatórias sobre o meio ambiente e um agravamento da crise climática e social no Brasil.

*Com informações da Agência Câmara

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes