O crescente aumento da carestia de vida em Angola, evidenciado pela alta nos preços de bens e serviços, vem gerando preocupação entre os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST). Por meio de uma nota divulgada nesta quarta-feira, 16 de julho, em Luanda, os líderes religiosos pedem aos responsáveis políticos que adotem medidas urgentes para conter a degradação social enfrentada pela população.
A situação econômica atual no país
Numa reunião do Conselho Permanente da CEAST, o padre Celestino Epalanga, secretário geral da Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação, trouxe à tona a necessidade de um olhar atento às dificuldades enfrentadas pela população angolana. “Sentindo o grito do povo e partilhando com ele suas preocupações, erguemos a voz pela paz social e em defesa dos que menos podem suportar a carestia de vida”, declarou.
Os bispos destacam que a angústia da população é uma resposta às recentes medidas econômicas, marcada pelo aumento geral no custo de produtos e serviços. A alta nos preços dos combustíveis, especialmente do gasóleo, é vista como um fator crucial que desencadeou essa crise, levando muitos cidadãos a uma situação de vulnerabilidade extrema.
Apelo por concertações sociais
A nota dos bispos exorta os decisores públicos e as forças sociais a considerarem as consequências das medidas instauradas. “Essas medidas, forçadas pelo atual contexto econômico mundial e nacional, clamam por concertações sociais mais inclusivas antes da sua implementação”, enfatiza a mensagem. Eles alertam que a pesada carga fiscal, somada ao aumento desenfreado dos preços, tem dificultado a vida digna que todos os cidadãos merecem.
Além disso, os líderes religiosos expressam preocupação com a crescente indignação popular, que poderia ameaçar a paz social. Movimentos reivindicativos têm surgido, frequentemente reprimidos indevidamente por forças de segurança, o que pode gerar um cenário de convulsões sociais. “As condições atuais nos colocam sob o iminente perigo de convulsões que já assistimos, mas que podem se intensificar”, afirmam os bispos.
Recomendações para o governo
Os bispos da CEAST recomendam que o setor governamental revise as medidas implementadas, em busca de alternativas que não penalizem ainda mais a população. “O diálogo intersocial, envolvendo todos os setores, é essencial para alcançar consensos que possam amenizar o sofrimento de muitos”, reforçam.
Com a proximidade da celebração dos 50 anos de independência de Angola, em 11 de novembro, os bispos enfatizam que viver este momento festivo em um ambiente de alívio financeiro será um grande presente para o povo angolano. Eles também sugerem que durante as negociações com organizações financeiras como o Banco Mundial e o FMI, a sobrevivência do povo deve ser priorizada.
Desafios à democracia
Por último, a CEAST também aborda as conquistas democráticas ao longo dos últimos 50 anos, mas ressalta a preocupação com o que denominam de “supressão de direitos” que ameaçam a liberdade de manifestação e de expressão. “Recomendamos que, ao celebrar esta festa nacional, nos coloquemos diante do barômetro dos princípios da democracia e façamos um retrato fiel da nossa caminhada em relação aos direitos humanos”, concluem.
Considerações finais
Este apelo dos bispos revela uma profunda consciência da situação social e econômica em Angola, ao mesmo tempo em que busca promover um diálogo construtivo entre o governo e a população. Com o aumento da carestia de vida e a fragilidade das condições sociais, é vital que as autoridades ouçam as demandas e considerem soluções colaborativas para garantir um futuro mais estável e justo para todos os angolanos.
Para mais informações sobre a situação, ouça a reportagem aqui.