Os empresários brasileiros de setores exportadores, especialmente de frutas como manga, café e suco de laranja, estão enfrentando dificuldades diante do aumento das tarifas de importação de 50% decidido pelos Estados Unidos. Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), explica que os empresários americanos só recentemente passaram a entender o impacto que essa medida, implementada pelo governo Trump, pode causar aos seus próprios negócios.
Estados Unidos começam a perceber os efeitos das tarifas sobre produtos brasileiros
Segundo Coelho, as entidades representativas estão buscando seus correspondentes nos EUA para alertar sobre a inviabilidade de continuar vendendo produtos brasileiros com essas tarifas elevadas. “Eles estão começando a acordar, o nível de preocupação aumenta. Como irão honrar seus contratos de entrega de mangas, por exemplo, que estão na janela de exportação neste período?”, questiona o presidente da Abrafrutas. Ele destaca que, enquanto isso, a troca de alimentos para atender ao mercado americano torna-se cada vez mais difícil e complexa, com reflexos nos preços ao consumidor local.
Impacto na cadeia produtiva brasileira e nas exportações
Coelho explica que a situação é preocupante especialmente para regiões como o Vale do São Francisco, onde os produtores de frutas, principalmente mangas, já tinham organizado embarques para os EUA. “Tudo já está preparado: embalagens, reservas, contêineres e espaços nos navios. Se o mercado americano diminuir suas compras, será difícil redirecionar a produção a tempo”, alerta. Além das mangas, os setores de café e suco de laranja também enfrentam uma situação delicada, pois não há como substituir a exportação brasileira neste volume, o que deve impactar os preços ao consumidor americano.
Resposta diplomática e diálogo com os EUA
O presidente da Abrafrutas destaca que o governo brasileiro tem atuado por meio de diplomacia e contatos com representantes do mercado para minimizar os efeitos dessas tarifas. “O governo está atuando com a diplomacia e os representantes dos setores com o mercado, numa ação articulada”, afirma Coelho. Ele também elogia a liderança do vice-presidente Geraldo Alckmin na coordenação das negociações, reforçando a importância do diálogo para proteger os interesses brasileiros.
Repercussões internas e perspectivas futuras
A reunião realizada em Brasília com setores afetados foi considerada positiva, mesmo diante do desafio de negociar as tarifas. Coelho aponta que, apesar das dificuldades, todos foram ouvidos e prevaleceu o diálogo. “Todos foram ouvidos, não houve tempo para falas mais veementes. O importante é que o governo está dialogando com os setores”, resume. Por fim, ele reforça a necessidade de uma legislação de reciprocidade para lidar com essas ações comerciais internacionais, reforçando que a cadeia produtiva brasileira depende fortemente da manutenção de mercados abertos.
Mais informações sobre as negociações e os possíveis desdobramentos podem ser acompanhadas no site do Globo.