Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) alerta que as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos podem provocar uma perda de R$ 19,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Além disso, estima-se uma redução de R$ 52 bilhões nas exportações e a eliminação de 110 mil empregos, principalmente nos setores industriais e agropecuários.
Efeitos principais das tarifas na economia brasileira
Segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encomendado pela CNI, os próprios Estados Unidos devem sofrer o maior impacto da política do presidente Donald Trump. O PIB americano pode cair 0,37%, mais do que o dobro da retração prevista para o Brasil, que é de 0,16%. No cenário global, o Produto Interno Bruto mundial recuaria 0,12%, e o comércio internacional sofreria uma queda de 2,1%, equivalente a US$ 483 bilhões.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou que “os números mostram que esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos”. Ele explicou que a indústria brasileira mantém uma forte presença no mercado dos EUA, o que torna a situação particularmente preocupante.
Indústria brasileira entre os setores mais afetados
Os impactos das tarifas serão sentidos principalmente por setores industriais com forte volume de exportação para os EUA. Entre eles, equipamentos de transporte — como aviões e embarcações — representam 22,1% de seu faturamento no mercado norte-americano, seguidos por madeira (17%), metalurgia (10,1%) e máquinas e equipamentos (4,8%).
Produtos específicos, como tratores e máquinas agrícolas, podem registrar uma queda de 23,6% nas exportações, refletindo em uma redução de 1,86% na produção. Outras atividades também devem sofrer perdas: exportação de aeronaves pode cair 22,3% e, em consequência, a produção diminui 9,2%; carnes e aves têm redução de 11,3% nas vendas externas e de 4,2% na produção.
Estados mais impactados com as perdas econômicas
As perdas não serão distribuídas de forma uniforme entre os estados brasileiros. São Paulo, por exemplo, pode registrar um prejuízo de R$ 4,4 bilhões no PIB. Rio Grande do Sul e Paraná, ambos, podem perder cerca de R$ 1,9 bilhão cada, enquanto Santa Catarina e Minas Gerais terão perdas próximas a R$ 1,74 bilhão e R$ 1,66 bilhão, respectivamente.
A CNI ressaltou que a economia brasileira e a americana são altamente complementares, com cadeias produtivas integradas. Em 2024, 78,2% das exportações da indústria de transformação do Brasil tiveram os EUA como principal destino. Entre os produtos mais exportados estão aviões, petróleo, café, aço, papel e químicos. Nos últimos dez anos, os EUA acumulam um superávit de US$ 43 bilhões na balança comercial de bens com o Brasil, além de US$ 165 bilhões no setor de serviços.
Diálogo e perspectivas futuras
Ricardo Alban enfatizou a importância de avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano sobre a complementaridade das relações econômicas. “A racionalidade deve prevalecer”, afirmou, reforçando a necessidade de diálogo para minimizar os impactos negativos dessas tarifas.
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