A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quarta-feira (16) um levantamento que projeta impactos negativos das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos. Segundo o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) estadunidense poderá cair 0,37% em consequência das tarifas para o Brasil, China e outros 14 países, além das taxas sobre automóveis e aço.
Impactos econômicos das tarifas nos Estados Unidos e no Brasil
De acordo com as estimativas, o tarifão americano também deve reduzir em 0,16% o PIB brasileiro, equivalente a aproximadamente R$ 19,2 bilhões. Além disso, a previsão indica uma diminuição de R$ 52 bilhões nas exportações do Brasil e o desaparecimento de cerca de 110 mil empregos na indústria nacional.
O levantamento, realizado com base em fontes oficiais do IBGE e do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além de estudos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que setores como tratores e máquinas agrícolas, aeronaves e carnes de aves serão os mais afetados. Os setores devem registrar quedas de produção de até 9,1% e retrações nas exportações que variam entre 11,3% e 22,3%.
Relação comercial Brasil x EUA e perspectivas
Atualmente, o Brasil aplica uma tarifa média de 2,7% às importações de produtos provenientes dos Estados Unidos. Nos últimos dez anos, de 2015 a 2024, os EUA mantiveram superávit comercial com o Brasil: US$ 43 bilhões em bens e US$ 165 bilhões em serviços. Os Estados Unidos representam o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, destinatários de 12% das exportações brasileiras e fornecedores de 16% das importações, sendo o principal destino da indústria de transformação nacional, com 78,2% das exportações em 2024.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destacou a preocupação com os efeitos das tarifas: “Os números mostram que esta política é um perde-perde para todos, mas principalmente para os americanos. A indústria brasileira tem nos EUA seu principal mercado, por isso a situação é tão preocupante. É do interesse de todos avançar nas negociações e sensibilizar o governo americano da complementariedade das nossas relações. A racionalidade deve prevalecer.”
Perspectivas futuras e a importância do diálogo
O estudo reforça a necessidade de diálogo entre os países para evitar uma escalada de tarifas que prejudique ainda mais o comércio internacional. O documento também serve como um alerta para setores industriais do Brasil, que já enfrentam dificuldades diante dessas medidas protecionistas. A expectativa é que, com negociações e entendimento, seja possível reduzir os impactos negativos da política tarifária dos Estados Unidos.