Na noite de terça-feira, o governo brasileiro foi surpreendido pela abertura de uma investigação pelos Estados Unidos, ordenada pelo presidente Donald Trump, que acusa o Brasil de práticas comerciais injustas. A medida veio em meio a negociações sobre tarifas de 50% anunciadas na semana passada, aumentando a instabilidade nas relações bilaterais.
Repercussões e críticas de diplomatas brasileiros
O ex-ministro de Relações Exteriores e principal assessor de Lula para questões geopolíticas, Celso Amorim, classificou a iniciativa americana como uma ameaça injustificada. Segundo ele, a medida contribuiu para levar as relações ao nível mais baixo em mais de um século. Celso Amorim criticou duramente a investigação da Seção 301, que, na sua visão, é uma forma de pressionar o Brasil com a “bomba atômica das armas comerciais”.
Detalhes da investigação e seus impactos no comércio brasileiro
Formalmente iniciada pelo Representante de Comércio dos EUA, a investigação visa avaliar políticas brasileiras relacionadas ao comércio digital, tarifas, propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol e desmatamento ilegal. Segundo documentos oficiais, o procedimento também questiona a interferência do Brasil em medidas anticorrupção.
Reações e tensões diplomáticas
Amorim destacou que a ameaça do uso da Seção 301 já provoca tumulto entre os mercados e autoridades. “É como negociar com o cano do revólver na cabeça”, afirmou, criticando a inconsistência dos argumentos americanos e reforçando que as relações diplomáticas estão em seu ponto mais baixo desde o início do século XX.
Esforços pelo diálogo e resposta brasileira
Antes do anúncio oficial, o governo Lula enviou uma carta ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante comercial, Jamieson Greer. Na mensagem, reiterou o interesse em negociações, buscando evitar a implementação das tarifas e ressalta a disposição para conversas que possam proteger e fortalecer o relacionamento bilateral.
Autoridades brasileiras também alegaram que o timing da investigação pegou o governo de surpresa, uma vez que esforços estavam em andamento para dialogar com os EUA e evitar sanções unilaterais.
Contexto internacional e pressões adicionais
Na mesma semana, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, alertou que países como Brasil, China e Índia podem sofrer sanções secundárias por compras de petróleo da Rússia. As declarações geraram críticas, inclusive de fontes próximas ao governo brasileiro, que consideraram a intervenção da Otan incoerente e inadequada, além de reforçar uma disputa geopolítica mais ampla.
Para especialistas, o conflito evidencia a deterioração das relações internacionais da gestão Lula, com tensões específicas na área comercial e diplomática, além de apontar para dificuldades na agenda de negociações multilaterais na atual conjuntura.
Perspectivas futuras
Segundo fontes próximas ao governo, a prioridade do Brasil agora é evitar as tarifas de 50% prometidas pelos EUA, concentrando esforços em negociações diretas. As autoridades brasileiras continuam buscando uma solução diplomática e preferem resolver a questão sem recorrer ao órgão multilateral da Organização Mundial do Comércio (OMC), devido à sua ineficácia na atualidade.
Mais detalhes sobre a evolução do conflito e possíveis desdobramentos podem ser acompanhados na reportagem do Globo.