Quatro meses após o presidente Donald Trump lançar uma ofensiva tarifária, os Estados Unidos já arrecadaram quase US$ 50 bilhões em receitas extras, segundo reportagem do Financial Times. Isso ocorreu principalmente porque a maioria dos parceiros comerciais não respondeu às tarifas de retaliação impostas pelo governo americano.
Receitas recorde e pouca retaliação internacional
Até agora, apenas a China e o Canadá desafiaram as medidas do governo Trump, aplicando tarifas recíprocas que variam de 10% a 50% sobre diversos produtos, incluindo aço, alumínio e automóveis. Mesmo com a imposição de tarifas elevadas, a receita total proveniente dessas tarifas nos EUA atingiu US$ 64 bilhões no segundo trimestre, um aumento de US$ 47 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado, revela dado do Departamento do Tesouro americano.
Desafios e pequenas respostas ao tarifão
Embora as tarifas retaliatórias da China tenham sido duradouras e significativas, elas tiveram um impacto modesto: o aumento na arrecadação de tarifas foi de apenas 1,9% em maio, em comparação com 2024. Por sua vez, o Canadá adotou uma resposta limitada, aplicando um imposto sobre serviços digitais e ainda não divulgou os números do segundo trimestre.
Outros parceiros optam pelo não enfrentamento
Enquanto vários países evitam retaliar, a União Europeia se prepara para aplicar tarifas de retaliação no valor de € 72 bilhões (US$ 84 bilhões), caso Trump decida avançar com tarifas maiores. Essas medidas incluirão itens como aeronaves, automóveis, bebidas alcoólicas e bens agrícolas, além de máquinas e dispositivos médicos, de acordo com uma lista da Comissão Europeia.
Contexto econômico e política internacional
Especialistas apontam que a estratégia dos EUA, liderada por Trump, de manter uma ofensiva tarifária enquanto tenta dividir seus parceiros com ameaças e represálias pontuais, contribuiu para o recorde de arrecadação. Segundo o professor de história econômica da Universidade de Sussex, Alexander Klein, considerações de curto prazo, como evitar inflação e reduzir a exposição a tarifas, justficam esta postura, que favorece a Casa Branca em negociações.
Na prática, a ameaça de tarifas tarifou produtos brasileiros, de carnes a aviões, elevando tensões comerciais globais. O presidente Lula reagiu afirmando que o Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém e que responderá às ações de Trump com medidas baseadas na Lei da Reciprocidade Econômica. Por outro lado, o México, maior parceiro comercial dos EUA, não retaliou ainda, limitando-se a negociações para evitar novas tarifas.
Impactos e perspectivas futuras
Apesar do aumento expressivo na arrecadação, o impacto global da guerra tarifária dos EUA é mantido sob atenção, com economistas destacando que a resposta internacional foi relativamente moderada, evitando uma crise de escalada. A União Europeia já planeja uma segunda lista de tarifas retaliatórias, que pode atingir diversos setores, caso as tensões prossigam.
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