O governo brasileiro declarou que não solicitará o adiamento de 90 dias para a entrada em vigor das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros nos Estados Unidos, que começa a valer em 1º de agosto. Em reunião nesta terça-feira (15), representantes do setor produtivo pediram que o governo negociasse uma postergação do prazo, mas a posição oficial foi de buscar a revisão da decisão, e não apenas seu adiamento.
Governo evita uso da Lei de Reciprocidade antes de agosto
Segundo uma fonte do governo envolvida nas negociações, a estratégia é não utilizar a Lei de Reciprocidade Econômica antes de 1º de agosto, a fim de manter canais diplomáticos abertos. “O governo não pensa em usar essa lei agora, o foco é negociar a revisão da decisão e não somente atrasar sua aplicação”, declarou o representante, que preferiu não se identificar.
Empresários presentes à reunião reforçaram o medo de que o governo utilizasse a Lei de Reciprocidade como resposta às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos na semana passada. Ainda assim, participaram do encontro uma moderada sensação de otimismo ao final, com garantias de que o esforço central do governo é ampliar os canais diplomáticos para evitar impactos mais severos nas exportações brasileiras.
Reuniões do vice-presidente e o contexto das tarifas americanas
Na manhã de hoje, o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu com empresários dos setores industrial e exportador para discutir a resposta brasileira ao aumento de tarifas pelo governo dos EUA. O aumento, de 50% em todos os produtos brasileiros exportados para os EUA, tem sido considerado uma retaliação política ao Brasil, motivada por críticas de Donald Trump ao Supremo Tribunal Federal e apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
As negociações fazem parte de um comitê interministerial presidido pelo governo brasileiro, envolvendo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Casa Civil, Fazenda e Relações Exteriores. O objetivo é avaliar os impactos da tarifa e buscar contramedidas que possam ser adotadas, sem prejudicar as relações diplomáticas.
Impactos e estratégias diplomáticas
A regulamentação da Lei de Reciprocidade abre espaço para ações brasileiras de resposta às tarifas americanas, porém, empresários e ministros concordaram que, neste momento, a prioridade é negociações diplomáticas. O clima no encontro foi considerado mais ameno ao final, com a impressão de que o governo busca ampliar os canais políticos para tratar o tema.
Segundo participantes, o esforço do governo agora consiste em dialogar e buscar, por meio de canais diplomáticos, uma solução que minimize os impactos na pauta de exportações brasileiras ao mercado norte-americano.
Mais detalhes sobre o andamento dessas negociações podem ser acompanhados no link da reportagem.