O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MIDC), Geraldo Alckmin, anunciou que o governo brasileiro não solicitará mais prazo aos Estados Unidos para resolver a questão das tarifas impostas sobre produtos brasileiros. A declaração foi feita após uma reunião com representantes do agronegócio, realizada na tarde de terça-feira (15/7), com o objetivo de discutir as recentes políticas tarifárias do presidente Donald Trump, que estipularam uma tarifa de 50% sobre certos produtos do Brasil.
A decisão do governo brasileiro
Alckmin afirmou que a intenção da administração brasileira não é prorrogar o prazo estabelecido, mas sim encontrar uma solução até o dia 31 de julho. “Nós vamos trabalhar para resolver e avançar nos próximos dias”, garantiu o ministro, ressaltando o compromisso dos envolvidos em solucionar a questão rapidamente.
Inicialmente, havia discussões sobre a possibilidade de solicitar mais tempo aos EUA, no entanto, após ouvir as demandas do setor agropecuário, o tom da conversa mudou. Comivo de que algumas safras estão prontas e outras iniciando em breve, representantes do agronegócio insistem que a solução deve ser encontrada antes do fim do prazo estabelecido.
Incertezas no agronegócio
Ibiapaba Netto, um dos representes da CitrusBR, citou a urgência da situação: “Temos uma safra inteira para ser colhida sem saber se o segundo mercado estará disponível ou não, porque a tarifa inviabiliza”, disse. Ao longo da reunião, Alckmin reafirmou que as tarifas são inadequadas e enfatizou que o governo está comprometido em reverter as discriminações tarifárias dos americanos. O ministro considera a decisão de Trump um “perde-perde” que pode comprometer as economias de ambas as nações.
O impacto das tarifas sobre as exportações
Alckmin também mencionou a relação comercial entre Brasil e EUA, apontando que, das dez categorias de produtos mais exportadas pelos Estados Unidos, oito não têm tarifas, enquanto a tarifa média é de apenas 2,7%. Ele destacou que o Brasil possui mais de 4 mil empresas americanas operando no país e que, no primeiro semestre, as exportações brasileiras para os EUA cresceram 4,37% enquanto as exportações dos EUA para o Brasil aumentaram em 11%.
Participantes da reunião
O encontro contou com o envolvimento de diversos representantes do governo e do setor produtivo, incluindo:
- Rui Costa, ministro da Casa Civil.
- Guilherme Mello, Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
- Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária.
- Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos.
- E muitos outros líderes do agronegócio e da política.
Negociações contínuas
Alckmin informou que as tratativas começaram após a imposição de tarifas de 10% sobre produtos brasileiros e 25% sobre o aço e alumínio em abril deste ano. A administração brasileira pretende reverter esses aumentos por meio de um diálogo constante com as autoridades norte-americanas.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica. Essa lei permitirá ao Brasil adotar medidas em resposta a ações de outros países que prejudicarem seus interesses comerciais. O decreto estabelece critérios claros para a suspensão de concessões comerciais, além de formar um Comitê Interministerial encarregado de deliberar sobre essas contramedidas.
A busca por soluções diplomáticas
Fontes que participaram das discussões ressaltam que o governo brasileiro seguirá os protocolos estabelecidos e tentará pedir a revisão das tarifas. A ideia é manter um roteiro de diálogo e negociação, buscando evitar a aplicação da Lei de Reciprocidade, que poderia gerar tensões maiores entre os dois países.
Conclusão
As próximas semanas serão cruciais para o futuro das relações comerciais entre Brasil e EUA, especialmente com a aproximação do limite de 1° de agosto. O governo brasileiro, sob a liderança de Geraldo Alckmin, demonstra um forte comprometimento em buscar soluções que beneficiem ambos os lados e mantenham a saúde do agronegócio brasileiro em um contexto de dificuldade.
O diálogo e a negociação serão fundamentais para que o Brasil possa responder de forma adequada aos desafios impostos pelo cenário econômico global e às políticas protecionistas do presidente Trump.