Um incidente inusitado ocorreu recentemente em Salvador, onde um jornalista denunciado por envolvimento no chamado “golpe do PIX” ganhou destaque nas redes sociais. O apresentador Marcelo Castro, investigado por desvio de doações que deveriam beneficiar vítimas em situação de vulnerabilidade, recebeu uma moeda institucional como “lembrança” da Polícia Civil da Bahia (PC-BA), durante uma visita do delegado-geral, André Viana. Esta situação rapidamente se tornou um tópico polêmico na internet, levantando questões sobre a ética das homenagens em meio a investigações criminais.
Repercussão nas redes sociais
Após o recebimento do presente, Marcelo Castro publicou um vídeo fazendo agradecimentos pela homenagem, o que despertou reações críticas nas redes sociais. Internautas expressaram indignação ao ver um indivíduo sob investigação recebendo atenção dessa natureza. “O cara sendo investigado… Se é inocente ou culpado eu não sei, mas recebe uma moeda institucional da Polícia Civil. Só na Bahia mesmo”, comentou um usuário no Twitter. Outro criticou: “Só na Bahia mesmo para um cidadão que está sendo investigado por um desvio de doações receber uma homenagem”.
A Polícia Civil, em nota, explicou que a entrega da moeda institucional é um ato de cortesia realizado em visitas. Contudo, a situação levantou preocupações sobre a percepção pública da Justiça e da relação entre a polícia e os investigados.
O caso do golpe do PIX
O golpe do PIX em questão envolve Castro, junto com o jornalista Jamerson Oliveira e mais dez pessoas, todos acusados pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) por associação criminosa, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. As investigações indicam que mais de R$ 400 mil, destinados a doações, foram desviados pelo grupo. Atualmente, o caso está em audiência de instrução, que ocorre sob segredo de Justiça.
A atuação dos jornalistas
Marcelo Castro, anteriormente vinculado à TV Record Bahia, apresentava um programa que exibia histórias de pessoas em condições sociais crítica, incentivando o público a fazer doações. Almorais desta narrativa, as doações deveriam ser enviadas através de uma chave PIX que era exibida na tela. No entanto, essa chave não pertencia às vítimas, mas a membros do esquema criminoso. O MP-BA identificou que Castro e Oliveira eram os principais responsáveis por essa fraude.
A denúncia do MP-BA revelou que, ao longo do período da fraude, o grupo arrecadou um total de R$ 543.089,66 em doações, das quais apenas 25% – equivalente a R$ 135.945,71 – foram destinadas às vítimas. A maior parte do valor arrecadado foi apropriada pelos acusados, que dividiram os fundos entre si.
Como o golpe foi descoberto
A suspeita de desvio financeiro surgiu em março de 2023, quando um jogador de futebol se mostrou desconfiado ao notar irregularidades nas contas durante uma tentativa de doação. Após investigar, o atleta revelou à emissora os detalhes sobre a discrepância nos dados bancários, o que levou a Record a abrir uma investigação interna. A emissora acabou demitindo os envolvidos e acionou a Polícia Civil.
O impacto nas vítimas
As vítimas do golpe, que contavam suas histórias em busca de ajuda, acreditavam que as doações seriam integralmente direcionadas a elas. Somente após as investigações, descobriram que a maioria dos valores tinham sido desviados. O MP-BA identificou ao menos 12 casos de desvios perpetrados pelo grupo, impactando diretamente a vida de pessoas em situações vulneráveis.
A defesa dos acusados
Até o momento, Marcelo Castro e Jamerson Oliveira não se pronunciaram publicamente sobre as acusações. Em contato com a imprensa, o advogado que os representa defendeu a inocência de seus clientes e afirmou que a denúncia ainda não havia sido aceita pela Justiça. Enquanto isso, o processo continua em andamento, com a próxima audiência marcada para breve.
Este caso se destaca não apenas pelo enredo de corrupção e fraude, mas também pela polarização que gerou nas redes sociais e a reflexão sobre a ética e a responsabilidade dos jornalistas. A injustiça não só afeta as vítimas diretas, mas também lança uma sombra sobre a profissão, levantando questionamentos sobre a integridade e a confiança nas instituições de comunicação.