Os frigoríficos de Mato Grosso do Sul suspenderam nesta semana o abate de bovinos com destino aos Estados Unidos, após o governo americano anunciar tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras. A medida levou ao redirecionamento da produção para o mercado interno e outros países, causando impacto nos preços ao consumidor final e aos produtores locais.
Impacto das tarifas americanas na cadeia produtiva de Mato Grosso do Sul
Segundo Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, as empresas já estão ajustando suas escalas de produção. “Devido às tarifas de 50%, não será viável manter as exportações aos EUA, e a cadeia produtiva já sente os efeitos dessa mudança”, afirmou Verruck. Ele destacou que as empresas como JBS e Marfrig suspenderam o abate para o mercado americano e estão buscando novos destinos para suas produções.
Dados sobre as exportações para os Estados Unidos
Atualmente, os EUA representam 7,3% das exportações brasileiras de carne bovina. Em 2024, Mato Grosso do Sul enviou ao mercado americano US$ 235,5 milhões em bovinos, correspondendo a 49,6 mil toneladas, o que fez do país o segundo maior destino da carne do estado, atrás apenas da China. No primeiro semestre de 2025, os EUA permaneceram como o segundo maior mercado, com US$ 235,5 milhões e 49,6 mil toneladas exportadas, respondendo por 9,21% do valor total e 8,78% do volume de vendas.
Consequências para o mercado interno e projeções futuras
Com a suspensão do abate para os EUA, há expectativa de aumento do estoque nos frigoríficos de Mato Grosso do Sul. “No curto prazo, haverá recomposição de estoque, mas isso poderá gerar redução de preços ao consumidor e ao produtor”, explicou Verruck. Ele também afirmou que há diálogo com o governo federal para uma prorrogação na aplicação da reciprocidade tarifária, permitindo uma maior oportunidade de realocação dos estoques e de busca por outros mercados.
Perspectivas econômicas e o temor pela perda de investimentos
O secretário destacou a preocupação com a viabilidade do mercado americano para a carne bovina brasileira, uma vez que acima de 65 mil toneladas, há uma taxação de 26,4%, e o adicional de 50% inviabiliza as exportações. Segundo ele, “as empresas que já abateram hoje não conseguem mais enviar para os EUA até o início de agosto”. A crise na exportação gera aumento de estoque e impacto na margem de lucro dos frigoríficos, além de afetar o preço pago ao produtor.
Por ora, as empresas continuam buscando o diálogo com o governo e demais parceiros do setor para minimizar os efeitos dessa medida, importante para a manutenção do mercado de alta qualidade, que gera margens e valor agregado ao produto brasileiro.
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