O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, se reúne nesta terça-feira com empresários do setor privado em reuniões do comitê criado para enfrentar a decisão de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Este movimento surge em resposta à recente escalada nas tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil, amplificando a preocupação com os impactos econômicos que essa política poderá causar.
Reuniões e diálogo colaborativo
À frente da coordenação da resposta, Alckmin terá duas conversas separadas: uma pela manhã, com lideranças industriais; e outra à tarde, com representantes do agronegócio. O presidente Lula, embora envolvido na articulação política, não participará dos encontros, optando por delegar essa responsabilidade a Alckmin, um passo que visa consolidar um front unido contra as tarifas.
A criação do comitê consultivo é parte da tentativa do Planalto de demonstrar coesão nacional diante do tarifaço. Lula quer sinalizar que a taxação imposta pelos EUA é um tema de Estado, e não apenas uma questão de governo, sendo necessário mobilizar tanto o setor produtivo quanto a sociedade civil. A ideia é transformar a crise em um ativo político, promovendo uma aliança entre o governo e os empresários, buscando assim minimizar os impactos das tarifas.
Ações do governo em resposta às tarifas
Segundo Alckmin, além das conversas com as cadeias produtivas locais, o governo vai buscar diálogo com empresas e entidades americanas, especialmente aquelas que têm integração com a cadeia industrial brasileira. “Vamos também marcar encontros com entidades e empresas americanas porque há uma integração de cadeia”, afirmou ele, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira.
De acordo com interlocutores do Planalto, a intenção é que o diagnóstico dos impactos econômicos das tarifas seja construído em conjunto com os empresários. Este trabalho conjunto servirá como base para eventuais conversas com autoridades americanas, buscando uma abordagem mais organizada e fundamentada. O Palácio do Planalto vê na participação ativa do setor privado uma forma de ampliar a legitimidade da reação brasileira, ao apresentar argumentos técnicos e institucionais que possam pressionar os EUA a rever suas decisões tarifárias.
Inclusão de setores diversos e possíveis retaliações
A lista dos empresários que integrarão o comitê ainda está sendo finalizada, mas o governo pretende contemplar todos os segmentos potencialmente afetados, como produtores de carne, suco de laranja, café e setores industriais ligados à tecnologia e aviação. A Embraer, por exemplo, deve ter lugar no grupo, refletindo a preocupação com o futuro das indústrias críticas para a economia brasileira.
Caso as negociações não avancem, o governo poderá avançar com medidas de retaliação, amparadas pela Lei da Reciprocidade. Nesta terça-feira, o decreto que regulamenta esta legislação foi divulgado no Diário Oficial, sinalizando que o governo está preparado para responder de forma ativa se as negociações não forem frutíferas.
O planejamento e a mobilização de setores produtivos, juntamente com a articulação política, são passos considerados essenciais para garantir uma resposta eficaz às novas tarifas e evitar que os impactos da guerra comercial afetem gravemente a economia brasileira. Com a união de forças, o governo busca não apenas enfrentar as consequências imediatas, mas também reconstruir as relações comerciais com os Estados Unidos de forma mais estável e cooperativa.
Diante do complexo cenário internacional e das tensões comerciais, a capacidade do governo brasileiro de se adaptar e trabalhar em conjunto com o setor produtivo será crucial para mitigar os efeitos das tarifas e promover um ambiente de recuperação econômica.