O governo federal brasileiro tomou a iniciativa de realizar duas reuniões separadas, uma com representantes da indústria e outra com nomes do agronegócio, para formular uma resposta à taxa de 50% anunciada pelo governo dos Estados Unidos contra produtos brasileiros. Essas reuniões são coordenadas pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que afirmou nesta segunda-feira (14/7) que o governo manterá um diálogo constante com os setores produtivos.
Agenda com os representantes da indústria
O primeiro encontro está agendado para às 10h e contará com a presença de líderes de diversos setores industriais, abrangendo aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados, móveis e autopeças. Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), destacou a importância da participação do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que foi convidado a juntar-se a essa discussão.
Reunião com o agronegócio
Às 14h, será a vez da agenda com representantes do agronegócio, que incluirá setores como suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescados. O encontro também contará com a presença de ministros do Ministério da Agricultura e Pecuária, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ministério da Pesca, ressaltando a abrangência das discussões sobre o impacto da taxação.
Integração das cadeias produtivas
Em suas declarações, Alckmin enfatizou que a iniciativa de diálogo não se restringirá às reuniões desta segunda-feira. “Não vai se limitar a amanhã, vamos dar continuidade a esse trabalho. Também convidaremos empresas americanas, porque há a integração de cadeia. Somos o 3º comprador do carvão siderúrgico dos Estados Unidos. Fazemos o aço semiplano e vendemos para os EUA, que faz o produto acabado, o motor, o automóvel. Então há uma integração. As empresas americanas também serão atingidas. Então vamos conversar com as companhias, entidades e Câmara Americana de Comércio (Amcham)”, revelou o vice-presidente.
Decretos e regulamentações em andamento
Conforme Alckmin, os decretos que irão regulamentar a resposta do Brasil à tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos devem ser publicados ainda nesta segunda-feira, em uma edição extra do Diário Oficial, ou na publicação do dia seguinte, 15/7. Entre os decretos, um buscará regulamentar a Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso durante o primeiro tarifaço do ex-presidente Donald Trump. O outro decreto terá como objetivo detalhar a criação de um comitê que analisará a situação em conjunto com os setores afetados.
Objetivo de aproximação com o empresariado
O governo brasileiro espera que a formação do comitê e a colaboração mútua em busca de soluções para proteger o mercado interno permitam ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurar um novo ciclo de aproximação com os empresários. A relação entre o setor produtivo e o Planalto tem sido tensa ao longo deste terceiro mandato do petista, especialmente após a crise gerada pelo aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e outras medidas fiscais enviadas pelo Ministério da Fazenda.
Na última quarta-feira (9/7), o ex-presidente Donald Trump afirmou que, a partir de 1º de agosto, todos os produtos brasileiros que entrarem nos Estados Unidos enfrentarão uma taxação de 50%. Essa decisão foi justificada por Trump como uma resposta ao que ele chamou de “caças às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está enfrentando vários processos no Judiciário.
Este movimento do governo brasileiro é uma tentativa de proteger interesses locais e mitigar os impactos negativos dessa medida imposta externamente, o que demonstra a importância do diálogo entre liderança política e setores econômicos em tempos desafiadores.