Brasil, 14 de julho de 2025
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Tarifa de 50% de Trump ameaça setor industrial brasileiro

Com aumento das exportações para os EUA, governo brasileiro busca estratégias para reverter tarifa que pode impactar economia e empregos

Se a tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump entrar em vigor em 1º de agosto, setores industriais e agrícolas do Brasil podem enfrentar dificuldades em seu principal mercado externo. Segundo dados do Monitor do Comércio Brasil-EUA, as exportações industriais brasileiras para os Estados Unidos atingiram US$ 16 bilhões no primeiro semestre, uma alta de 8,8% em relação ao mesmo período de 2024, reforçando a importância do mercado norte-americano para o setor.

Governo busca respostas à tarifa de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou uma reunião de emergência na noite de domingo para discutir a resposta ao tarifão. Além dele, participaram o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, e técnicos do Ministério da Fazenda. “Vamos trabalhar para reverter isso, porque essa tarifa é inadequada e não se justifica”, afirmou Alckmin, enfatizando que o governo deve editar até terça-feira um decreto para regulamentar a Lei de Reciprocidade Econômica.

Possíveis medidas de retaliação

Com a regulamentação da reciprocidade, o Brasil poderá aplicar tarifas ou restrições às importações americanas, suspender concessões comerciais e de investimentos, além de adotar ações relacionadas a direitos de propriedade intelectual. O objetivo é responder às tarifas de Trump e proteger a economia brasileira de um impacto maior.

Importância dos EUA na pauta exportadora brasileira

Apesar do aumento recente das exportações, os Estados Unidos continuam sendo o principal destino da indústria brasileira,respondendo por 12,4% do total exportado no primeiro semestre de 2025. As compras norte-americanas de itens industriais somaram US$ 11,5 bilhões, superando o Mercosul (US$ 9,7 bilhões) e a União Europeia (US$ 10,8 bilhões).

O relatório da Amcham destaca que a recente ameaça de tarifa pode inviabilizar parte significativa das exportações brasileiras, especialmente itens como aeronaves (US$ 1 bilhão, da Embraer), produtos semiacabados de ferro ou aço (US$ 1,9 bilhão) e óleos combustíveis (US$ 830 milhões). Segundo analistas, a fabricante brasileira de aviões será uma das mais afetadas.

Impactos no comércio bilateral

Mesmo com o avanço nas exportações, o setor industrial brasileiro mantém um déficit bilateral com os EUA de US$ 3,7 bilhões, aumento de 55,6% no primeiro semestre. O comércio bilateral totalizou US$ 41,7 bilhões neste ano, com crescimento de 7,7% em relação ao período anterior, consolidando os EUA como o segundo maior parceiro comercial do Brasil.

Cenário político e diplomático

Enquanto o governo brasileiro tenta negociar, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o fim das sanções de Trump ao Brasil estaria condicionado à concessão de anistia, o que indica uma postura de resistência. Já Lula busca uma solução diplomática, fortalecendo a possibilidade de uso da Lei de Reciprocidade como ferramenta para negociações mais assertivas, segundo advogados e especialistas.

Segundo Vera Kanas, especialista em comércio internacional, “usar essa lei fortalece o Brasil na negociação, mas há riscos de escalada do conflito comercial se retaliações americanas se intensificarem”.

Preocupações do setor empresarial

Analistas alertam que o aprofundamento da guerra tarifária pode desacelerar investimentos e gerar insegurança jurídica no Brasil. João Amadeus, advogado especialista em direito tributário, afirma que a conjuntura econômica dificulta uma escalada maior: “Se ocorrerem mais retaliações, isso pode atrasar projetos, contratações e gerar uma cascata de judicializações”.

Impactos futuros e desdobramentos

O cenário atual evidencia a vulnerabilidade do Brasil frente às disputas comerciais internacionais, especialmente com os EUA. A tendência é que a diplomacia e a adoção de medidas de contenção e reciprocidade sejam essenciais para evitar prejuízos maiores ao setor produtivo e à geração de empregos.

Para acompanhar o desdobramento dessa questão, continue acessando a cobertura completa no Globo.

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