Nesta quinta-feira (22), a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou por 218 votos a 214 um amplo projeto de lei que corta impostos, limita serviços de saúde e reforça a política de deportação de imigrantes, enviando-o para assinatura do presidente Donald Trump. A medida, defendida pelos republicanos, gerou críticas por seus potenciais efeitos prejudiciais à economia e às camadas mais vulneráveis da sociedade.
Reduções fiscais para os mais ricos e aumento na dívida pública
O projeto de lei prevê uma redução de US$ 4,5 trilhões nos impostos, prioridade do governo Trump, com benefícios principalmente para famílias de alta renda. Segundo autoridades, a legislação também mantém cortes temporários de impostos assinados por Trump em seu primeiro mandato. No entanto, o custo elevado é parcialmente compensado por cortes em programas sociais, como alimentação e saúde, que podem prejudicar hospitais, especialmente em áreas rurais.
Para críticos, a aprovação representa uma irresponsabilidade fiscal, uma vez que promete crescimento econômico baseado em estimativas otimistas, enquanto adiciona pelo menos US$ 3,4 trilhões à dívida nacional, alertam especialistas e legisladores democratas. “Este é um ataque às pessoas mais vulneráveis, uma traição aos princípios de responsabilidade fiscal”, afirmou o deputado Jim McGovern (D-MA).
Impactos na saúde, imigração e assistência social
Medicaid sob ataque
Um dos pontos mais contestados do projeto são as novas “regras de trabalho” para beneficiários do Medicaid, que obrigam adultos sem deficiência a comprovar participação em atividades laborais ou de voluntariado por pelo menos 20 horas semanais. O Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) estima que essas mudanças não resultarão nos empregos prometidos, podendo reduzir a cobertura de saúde de milhões, principalmente em áreas rurais.
Aumento de recursos para deportação
Paralelamente, o projeto destina US$ 150 bilhões às operações de imigração, incluindo US$ 45 bilhões para novos centros de detenção e US$ 29 bilhões para mais agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE). O montante é mais de cinco vezes maior que o orçamento anual do Federal Bureau of Prisons. O senador JD Vance afirmou em redes sociais que tudo no projeto é secundário a esses recursos de deportação massiva, sobrepujando outras questões.
Você pode conferir a reportagem completa no HuffPost.
Reações e controvérsias
As críticas ao projeto não foram apenas de democratas. Vários republicanos moderados chegaram a questionar as mudanças nas políticas de saúde, mas, pressionados por Trump, a maioria acabou aprovando. O líder democrata Hakeem Jeffries chamou a legislação de “ataque à saúde pública”, enquanto a congressista Alexandria Ocasio-Cortez alertou para a militarização das operações do ICE.
Protestos internos e debates acirrados
Durante a votação, alguns republicanos resistiram às mudanças, chegando a impedir por horas o início do debate, em protesto contra a alteração de custos promovida pelo Senado. Após várias horas de discussão e negociações, a maioria votou a favor, mesmo diante de dúvidas sobre os impactos futuros na economia e nos direitos sociais.
Perspectivas e próximos passos
Com a aprovação na Câmara, o projeto será encaminhado ao presidente Trump, que se posicionou favoravelmente. Analistas alertam que as consequências da legislação poderão se refletir em cortes de programas essenciais, aumento da desigualdade social e agravamento do déficit fiscal, influenciando o cenário político e econômico do país nos próximos anos.