Brasil, 12 de julho de 2025
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Crise entre Tarcísio de Freitas e Bolsonaro após tarifas de Trump

Governador de São Paulo busca negociar tarifas de Trump, mas enfrenta críticas de apoiadores de Bolsonaro.

A recente decisão do presidente americano Donald Trump de implementar altas tarifas sobre produtos brasileiros gerou uma onda de reações na política nacional, especialmente entre os aliados e opositores de Jair Bolsonaro. Em meio a essa crise, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu tomar a dianteira nas negociações com o governo americano, mas essa postura não foi bem recebida por alguns membros da base bolsonarista.

A iniciativa de negociação de Tarcísio

Dois dias após o anúncio das tarifas, Tarcísio começou a dialogar com representantes do governo dos EUA e buscou apoio junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). Sua intenção era garantir que Bolsonaro recebesse de volta seu passaporte, que está retido pela Corte, para facilitar uma possível negociação com Trump. Porém, a proposta foi considerada inadequada por ministros do STF e acabou sendo recusada.

Além disso, o governador se reuniu com o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para expor as repercussões negativas das tarifas na indústria e na agricultura brasileira. Tarcísio utilizou suas redes sociais para enfatizar a necessidade de negociar, afirmando: “Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa”.

Descontentamento na base bolsonarista

Apesar de suas boas intenções, a atitude de Tarcísio provocou descontentamento em partes da base de apoio a Bolsonaro. Figuras como o deputado Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia criticaram o governador por sua abordagem conciliatória e exigiram que ele adotasse um tom mais combativo diante das ações de Trump. Eduardo, por exemplo, desconsiderou qualquer possibilidade de acordo que não envolvesse a reversão da inelegibilidade de seu pai e apontou que a real questão não é econômica, mas política.

O descontentamento se intensificou quando Tarcísio, antes crítico, mudou sua postura em busca de uma solução diplomática, o que foi interpretado como uma fraqueza por alguns de seus apoiadores. Malafaia, em particular, alertou que a “próxima retaliação” de Trump seria direta contra juízes do STF e exigiu uma postura firme do governador.

Tarcísio entre dois mundos

O cientista político Maurício Santoro comentou sobre a posição delicada de Tarcísio, que precisa agir em benefício de um dos estados mais impactados pelas tarifas, enquanto tenta manter uma relação próxima com a família Bolsonaro. “Ninguém esperava tarifas tão altas. Para Tarcísio, a dificuldade é que precisa agir como governador, mas também precisa do apoio da família Bolsonaro, cujo pedágio está ficando cada vez maior”, ressaltou.

Enquanto isso, outros governadores, como Romeu Zema (Novo) de Minas Gerais, também tentaram ajustar seus discursos. Zema inicialmente culpou Lula e o STF, mas depois refutou a taxação como “errada e injusta”. Essa diferença de abordagens reflete a luta interna entre pragmatismo e ideologia entre os líderes da direita brasileira.

Consequências econômicas do tarifaço

A implementação das tarifas já começa a causar preocupação em setores economicamente relevantes, como o agronegócio e a indústria. São Paulo, sendo o maior produtor de laranjas do Brasil, pode perder 37% da sua safra que é exportada para os EUA. A possibilidade de um impacto negativo nas exportações de outras commodities, como carne e café, também é um assunto de preocupação crescente.

A proposta de Tarcísio de agir como uma ponte entre Bolsonaro e os EUA busca não só respaldar a proteção econômica de São Paulo, mas também consolidar sua própria posição dentro da política nacional, em vista das eleições de 2026. Contudo, isso pode ser um caminho arriscado, especialmente se os apoiadores de Bolsonaro continuarem a empurrar por um confronto mais aberto com o governo americano.

O futuro da relação entre Brasil e EUA

Em meio a essa crise, a dificuldade de Tarcísio em equilibrar sua posição entre as exigências políticas locais e a necessidade de diálogo com o governo dos EUA torna-se evidente. Os próximos passos da negociação serão cruciais não apenas para a sua governança, mas também para a sustentabilidade da política bolsonarista diante da crescente insatisfação com a administração Trump.

Com a pressão de ambos os lados, a habilidade do governador em gerenciar essa situação delicada será um teste importante de sua liderança e capacidade de unir diferentes facções dentro da direita brasileira.

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