No último dia 7 de julho, durante uma intensa onda de calor, Wimbledon se viu diante de uma situação inesperada: vários pontos de recarga de água foram forçados a fechar, enquanto o torneio rejeitava apelos para garantir a segurança dos torcedores, mantendo o telhado do Centro Court fechado. A temperatura em SW19 alcançou impressionantes 31°C, um marco que não é comum para o evento que já tem 147 anos de história.
Demanda recorde por água
A Evian, patrocinadora oficial do torneio, não conseguiu atender à demanda crescente por suas garrafinhas de água ecológicas que custam £5. A empresa viu metade de suas reservas serem consumidas no primeiro dia do torneio, levando ao fechamento de suas stands e à interrupção da venda de suas garrafas que permitiam recargas durante o dia. Embora os torcedores ainda pudessem acessar água potável gratuita através de mais de 100 pontos de recarga, muitos ficaram frustrados com a escassez da famosa água mineral.
Um porta-voz da Evian explicou: “O calor excepcional, combinado com a popularidade do sistema de recarga da Evian entre jogadores e espectadores, resultou em uma demanda muito maior do que em anos anteriores. Como resultado, tivemos que interromper a oferta de recargas antes do planejado”.
Pressão por mudanças nas tradições do torneio
Enquanto isso, os organizadores de Wimbledon enfrentavam crescente pressão para interromper a tradição de manter o telhado do Centro Court fechado apenas em caso de chuva ou escuridão. Os torcedores clamavam por medidas de segurança adicionais após vários incidentes de desmaios na plateia. A semifinal entre o campeão reinante Carlos Alcaraz e Taylor Fritz foi interrompida duas vezes para que dois torcedores que passaram mal pudessem receber atendimento médico.
Um mulher foi retirada do estádio apenas 40 minutos após o início da partida devido ao calor extremo, e um idoso também precisou de atendimento. A quantidade de cadeiras vazias nas áreas mais quentes do Centro Court cresceu à medida que os torcedores buscavam abrigo do sol escaldante.
Perigos da exposição ao calor
Com pelo menos oito espectadores já tendo passado mal durante o torneio, muitos assistentes expressaram preocupação com a saúde dos torcedores e a necessidade de adaptação. A tenista polonesa Iga Swiatek, finalista do torneio, questionou a recusa da organização em fechar o telhado, mesmo após testemunhar uma pessoa desmaiando durante seu jogo. Ela declarou: “Eu não sei por que eles não fecham, especialmente considerando a saúde dos fãs.”
Atletas como Aryna Sabalenka e Amanda Anisimova também comentaram sobre as condições difíceis de jogar e assistir a uma partida no calor intenso. Sabalenka, que distribuiu sacos de gelo e garrafas de água a torcedores, ressaltou como o calor afetou a experiência do público. “London não está preparada para esse clima,” afirmou.
Alternativas e soluções para o futuro
O All England Club, responsável pelo torneio, destacou que aumentou as mensagens em telões para lembrar os visitantes de se manterem hidratados e buscarem sombra, mas reiterou a tradição de manter o telhado aberto. Desde a instalação do telhado retrátil em 2009, ele nunca foi fechado devido ao calor. No entanto, muitos começam a pedir que essa política seja reconsiderada.
Em uma declaração, o clube disse que “Wimbledon é um torneio ao ar livre” e que as condições de temperatura e umidade nos dois principais courts são reguladas por sistemas de climatização que operam quando o telhado está fechado. Mas diante das intensas temperaturas que afetaram a última edição, a pressão dos torcedores aumenta para que o uso do telhado também considere a saúde e segurança do público.
A necessidade de uma mudança é clara, e tanto torcedores quanto atletas estão pedindo que as tradições do torneio sejam reavaliadas com a saúde dos espectadores em mente.