Nesta semana, o reality show Love Island USA foi palco de uma polêmica envolvendo o uso de uma palavra racista, que resultou na saída de uma participante. Ciarra Ortega deixou a disputa após postagens antigas em redes sociais, nas quais ela utilizava o termo “chink” de forma casual, um insulto direcionado a asiáticos, sem o reconhecimento de sua carga ofensiva.
O incidente e a reação do público
Durante uma alusão narrativa, o apresentador anunciou que Ortega havia saído por uma “situação pessoal”, mas a verdade foi revelada por fãs mais engajados nas redes sociais, que evidenciaram posts antigos nos stories e fotos em que ela empregava o termo “chinky”. Os conteúdos datam de fevereiro de 2023 e 2015, expressando de forma natural uma referência à aparência.
Após a divulgação, Ortega começou a perder seguidores em massa e recebeu ameaças e ataques, como informaram fontes familiares através do Instagram. Ainda assim, ela não se manifestou oficialmente até o momento. Enquanto isso, o episódio reacendeu debates acerca do entendimento de racismo entre o público, especialmente por alguns defenderem que a palavra não seja tão ofensiva quanto outros termos raciais.
Histórico e significado do termo racista
O termo “chink” tem origem no século XIX, utilizado de forma pejorativa contra imigrantes chineses nos Estados Unidos, reforçando estereótipos e exclusão social. Mesmo após décadas, a palavra permanece carregada de conotações de desumanização e xenofobia, frequentemente mascaradas em contextos de consumo de rap ou cultura pop.
Pesquisadores como a professora de Estudos Asiáticos Julia H. Lee alertam que o uso frequente, mesmo de forma aparentemente “neutra”, reforça uma narrativa de inferiorização e exotificação de asiáticos, mantendo uma forma de racismo estrutural.
Semelhanças e diferenças com outros casos
Casos anteriores, como a polêmica envolvendo a rapper Cardi B, ilustram como palavras racistas podem ser minimizadas por quem não entende sua história e peso. Cardi usou a expressão para descrever olhares “chanfrados” do próprio filha, e posteriormente tentou justificar o uso, o que gerou críticas severas.
Na mesma linha, outros participantes do Love Island, como Yulissa Escobar, foram expulsos após propagarem o uso do termo “n-word”, reforçando uma percepção de que a plataforma e a produção não apoiam ou toleram discursos racistas de qualquer tipo.
Por que o racismo através da linguagem é tão permeado?
Especialistas apontam que o uso de palavras racializadas, muitas vezes, é normalizado por uma cultura que associa estética ao racismo, como na tendência de “olhos de raposa” ou ao uso do termo para descrever características físicas. Além disso, a influência de figuras públicas e o discurso de líderes políticos, como Donald Trump, contribuíram para a perpetuação dessa lógica discriminatória.
Segundo a professora Julia Lee, essas expressões funcionam como uma “linguagem de violência” disfarçada de admiração, potencializando uma narrativa de desumanização que passeia entre o racismo explícito e o quieto, muitas vezes, invisibilizado na rotina diária.
O impacto para a comunidade asiática e o que podemos aprender
Para muitos asiáticos, o impacto do uso de palavras racistas é sentido na pele, na história de exclusão e na perpetuação de estereótipos. O cuidado ao lidar com palavras que carregam essa carga histórica é fundamental para combater o racismo estrutural.
A disseminação de informações e debates mais abertos, como o causado pelo episódio no reality, representam passos importantes na desconstrução de preconceitos e na conscientização sobre a importância de reconhecer o racismo e combater sua naturalização.
Perspectivas futuras e educação contra o racismo
Especialistas reafirmam que o combate ao racismo começa pelo entendimento de sua origem e por uma educação que valorize a diversidade cultural e racial. A responsabilização de figuras públicas e a cobrança por ações mais firmes da mídia também se fazem necessárias para criar uma sociedade mais igualitária e consciente.
Enquanto o episódio de Love Island revelou uma camada importante da discussão, o diálogo aberto e o reconhecimento da história por trás de expressões racistas mostram que há um longo caminho de conscientização a percorrer.