Brasil, 16 de julho de 2025
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Consumo de matcha e alimentos virais: o impacto na produção global

O aumento desenfreado na demanda por matcha e outras tendências virais de alimentos está levando a escassezes, alta de preços e impactos ambientais inesperados.

O fenômeno de consumo impulsionado por redes sociais transformou a forma como consumimos alimentos, com destaque para o matcha, que enfrenta uma possível escassez global devido à procura excessiva estimulada por vídeos virais desde 2023.

O impacto da popularidade do matcha no Japão e no mundo

O mercado de matcha cresceu de US$ 2,8 bilhões em 2023 para previsão de US$ 5 bilhões em 2028, o que exige uma produção triplicada em relação ao ritmo atual. Para atender à demanda, o governo japonês sugere que os agricultores usem folhas de ‘tencha,’ uma variedade de chá verde, em detrimento do tradicional ‘sencha,’ afetando a qualidade do produto.

Em 2024, o Japão recebeu um recorde de 37 milhões de turistas, muitos atraídos pela fama do matcha, especialmente na cidade de Uji, famosa por sua produção de alta qualidade. Tomomi Hisaki, gerente da loja Tsujirihei em Uji, explicou que o processo tradicional de cultivo do matcha de alta qualidade depende do sombreamento das plantas, o que limita a quantidade produzida e evidencia a dificuldade de expandir a oferta sem comprometer a qualidade.

Viralização de outros ingredientes e suas consequências

Além do matcha, ingredientes como pistaches, abacates e amêndoas também estão sofrendo impactos críticos devido ao excesso de demanda alimentado por tendências de redes sociais. O caso dos pistaches, por exemplo, veio após a viralização do Dubai Chocolate, recheado com pistache, o que provocou uma escassez e aumento de preços, que passaram de US$ 7 para US$ 10 a libra.

Na Colômbia, o boom do avocado levou agricultores a abandonarem o cultivo de café para plantar essa fruta, mesmo fora de seus ambientes ideais, o que gera maior consumo de recursos e danos ambientais, incluindo desmatamento e contaminação de fontes de água.

O papel das redes sociais na transformação do consumo

Ferramentas como TikTok e Instagram aceleraram a formação de tendências alimentares, levando a períodos de escassez de ingredientes essenciais, como o pepino na Islândia e maionese Kewpie na Ásia. Cada virada viral aumenta a pressão sobre a produção e altera drasticamente os preços, colocando em risco a sustentabilidade econômica e ambiental dos produtores.

Consequências ambientais e desafios futuros

O aumento na produção de matcha, impulsionado pela popularidade global, resulta em impactos como a diminuição da qualidade do produto tradicional e a pressão por recursos naturais. No Japão, o aumento da demanda também atrai turistas até regiões específicas, agravando a escassez de produtos locais de alta qualidade.

Especialistas alertam que o crescimento desordenado e o consumo exacerbado, alimentados por tendências virais, podem levar a um desequilíbrio ambiental grave. Como exemplificado pelo impacto na Colômbia, a produção de alimentos de moda está causando efeitos colaterais que podem ser irreversíveis, incluindo o uso de recursos hídricos excessivos e desmatamento.

Reflexões finais: uma crise maior do que parecemos

Este cenário de consumo acelerado leva a uma reflexão sobre os limites do nosso estilo de vida baseado em tendências efêmeras. É necessário repensar nossa relação com o consumo de alimentos virais, pois cada receita popular reforça uma cadeia de impactos ambientais, econômicos e sociais que podem prejudicar o equilíbrio do planeta.

Enquanto a busca por sabores e experiências inovadoras continua, é fundamental que consumidores, produtores e órgãos reguladores trabalhem juntos para evitar que as tendências momentâneas se tornem crises globais de abastecimento e sustentabilidade. Afinal, por trás de um café ou uma comida viral, há um impacto real no meio ambiente e na vida daqueles que produzem nossos alimentos.

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