Na semana passada, Jen Hamilton, enfermeira e influenciadora com grande seguidores no TikTok e Instagram, publicou um vídeo que questiona a conexão entre o apoio ao movimento MAGA de Donald Trump e os ensinamentos de Jesus Cristo, conquistando mais de 8,6 milhões de visualizações. Em sua gravação, ela lê passagens de Mateus 25, reforçando a importância de servir os necessitados, e confronta a hipocrisia de apoiadores que defendem políticas que prejudicam comunidades vulneráveis.
O que a Bíblia diz e a postura do movimento MAGA
Hamilton destaca que Mateus 25 ensina que aqueles que ajudam os pobres, prisioneiros e estrangeiros entrarão no Reino de Deus, enquanto quem ignora esses grupos enfrentará julgamento. “Quando você recusou ajudar a um dos menores, foi a mim que recusou ajudar”, afirma a passagem citada pela enfermeira. Contra uma narrativa que une fé cristã e apoio irrestrito ao MAGA, ela argumenta que “como cristã, não acredito que seja possível ser ambas as coisas”.
Reação e resistência
A iniciativa de Hamilton gerou reações divididas: enquanto muitos admiram o uso do roteiro bíblico para denunciar a hipocrisia, outros acusam-na de reinterpretar as escrituras. “Alguns até relataram meu perfil à Ordem dos Enfermeiros, querendo tirar minha licença”, desabafou a influenciadora. Ela reforça que sua intenção não é fazer política ou religião, mas sim uma questão moral, apontando as contradições entre sua fé e o apoio ao que chama de “políticas que prejudicam comunidades vulneráveis”.
O contexto político e religioso nos Estados Unidos
Especialistas veem a controvérsia como um espelho da polarização que permeia o cristianismo americano há mais de meio século, onde setores conservadores utilizam a religião para consolidar poder e defender privilégios, muitas vezes distorcendo os ensinamentos de Jesus. Ainda que a maioria dos americanos não veja Trump como um líder religioso—com menos de metade considerando-o cristão—ele mantém um forte apoio entre evangélicos brancos, com 72% aprovando sua gestão, segundo pesquisa da Pew.
Vozes contra a narrativa do apoio irrestrito
Figuras religiosas de diferentes tradições, como a bispa Episcopal Mariann Edgar Budde, criticaram publicamente ações do governo Trump, especialmente relacionadas à política de imigração. “O esforço de alguns líderes é tirar seus pares da obsessão com Trump e trazê-los de volta ao verdadeiro ensino de Cristo”, comenta o pastor Brandan Robertson, que também aponta uma divisão crescente em relação à interpretação da fé no cenário político.
Esperança e novos rumos para a fé cristã
Embora o conflito seja acentuado, há esperança de uma renovação no papel do cristianismo, com muitos líderes e fiéis buscando alinhamentos mais autênticos com os ensinamentos de Jesus, acima de interesses políticos. “Jesus não veio criar um reino deste mundo, Ele transcende o político”, lembra a comunicadora Carrie McKean, incentivando uma leitura crítica das próprias convicções e uma postura mais compassiva.
Para Hamilton, o impacto de seu vídeo vai além da política partidária: ela revela uma busca por reflexão entre as pessoas, muitas das quais reavaliam suas ligações com o apoio ao movimento MAGA, buscando uma conexão mais genuína com os valores cristãos. “Algumas pessoas estão redescobrindo sua fé ao se afastar do nacionalismo cristão, e isso me dá esperança”, conclui.
