Brasil, 16 de julho de 2025
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O impacto das tendências virais nas demandas por ingredientes e suas consequências globais

O aumento explosivo pelo consumo de matcha, abacates e pistaches, influenciado pelas redes sociais, ameaça recursos ambientais e produtores.

O fenômeno das tendências virais nas redes sociais tem transformado radicalmente nossos hábitos de consumo, trazendo consequências econômicas, sociais e ambientais. Ingredientes como matcha, abacates e pistaches estão em alta demanda devido à sua divulgação online, gerando escassez e impacto na produção mundial, especialmente na Ásia, América do Sul e Oriente Médio.

Matcha: do sucesso à crise de abastecimento

A popularidade do matcha disparou após vídeos e receitas virais, impulsionando um crescimento de 300% na produção mundial desde 2010, segundo o Ministério da Agricultura do Japão. Para atender à demanda, o país produziu 4.176 toneladas em 2023 — um aumento dramático. Contudo, o aumento forçado na produção tem levado agricultores a substituírem o tradicional ‘sencha’ por folhas de ‘tencha’, uma prática que compromete a qualidade do chá ceremonial.

Tomomi Hisaki, gerente da loja Tsujirihei, afirmou: “O matcha de alta qualidade de Uji não pode ser produzido em grande escala, pois a sombra necessária para seu cultivo limita a quantidade de colheita.”

O efeito dominó na economia e no meio ambiente

O excesso de demanda gera aumento de preços e pressão sobre os produtores, que precisam investir em novas máquinas e processos — muitas vezes de alto custo — ou deixar de lado a tradição para sobreviver. Além do impacto econômico, o cultivo intensivo de matcha e outros ingredientes leva à degradação ambiental, incluindo o uso excessivo de recursos naturais.

O boom do abacate e suas consequências

Na Colômbia, o boom do abacate, motivado por informações de saúde e viralizações, levou agricultores a abandonarem a produção de café. A expansão acelerada ocorre fora do clima ideal, causando maior uso de recursos como água e fertilizantes, além de promover desmatamento e degradação do solo, conforme alerta da Al Jazeera.

Para se adaptar ao aumento repentino na demanda, agricultores enfrentam dificuldades financeiras e desafios tecnológicos, já que a transição para novas variedades de produção exige investimentos significativos.

Pistaches: do luxo ao problema global

O boom do chocolate recheado com pistache e o aumento nas vendas internacionais resultaram na escassez do ingrediente, que viu seu preço saltar de US$ 7 para US$ 10 por libra, afetando fabricantes como a Prestat. Segundo Charles Jandreau, gerente da empresa, “parece que tudo aconteceu de uma hora para outra”.

Viralização e o efeito colateral na oferta de alimentos

Além do matcha, outros ingredientes também sofreram escassez por causa das tendências virais, como com o pepino na Islândia, após vídeos no TikTok, e o Kewpie mayo, bastante utilizado em receitas de sucesso na plataforma. Esses exemplos ilustram como o poder das redes sociais influencia diretamente a oferta global e aumenta a pressão sobre agricultores e fornecedores.

O lado obscuro do consumo acelerado

De acordo com especialistas, o impacto dessas tendências é profundo e muitas vezes invisível. A expansão descontrolada de cultivos como o avocadocause desmatamento, contaminação de corpos d’água e aumento na pegada de carbono, agravando ainda mais as mudanças climáticas. Cada ingrediente virado notícia vira um problema maior para o planeta.

Na prática, essa voracidade por ingredientes populares reforça a necessidade de refletirmos sobre nossos hábitos. Afinal, por que pagar um preço tão alto por um pedaço de avocado ou um latte de matcha, sem pensar nas consequências para o meio ambiente e os produtores?

Perspectivas e responsabilidades

Com o crescimento recorde do turismo em lugares como Uji, no Japão, onde a procura por matcha de qualidade atingiu 37 milhões de turistas em 2024, é evidente que nossa influência é global. Segundo especialistas, a mudança de comportamento é urgente, caso contrários, continuaremos alimentando a crise de recursos naturais e fragilizando cadeias produtivas ao redor do mundo.

O caminho percebe-se como uma necessidade de equilíbrio: consumir de forma consciente, apoiar práticas sustentáveis e questionar o impacto de nossas próprias ações no planeta.

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