Brasil, 17 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Lula responde a carta de Trump com críticas às tarifas e à política

O presidente Lula refuta acusações de Trump e critica tarifas abusivas, destacando a autonomia do Brasil.

No cenário político internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou na noite desta quinta-feira (10/7) suas críticas à carta enviada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista exibida pela TV Record, Lula considerou o conteúdo da correspondência como um “material apócrifo” que ataca a honra nacional. O embate entre os líderes, que envolve questões comerciais e políticas, reflete tensões que permeiam as relações Brasil-EUA.

Alegações e resposta de Lula

Em um gesto inesperado, Trump utilizou sua rede social Truth Social para comunicar-se com Lula. O presidente brasileiro estranhou esse método e questionou a legitimidade da mensagem — que aborda impostos sobre produtos brasileiros e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não é costume você ficar mandando correspondência para o presidente da República por meio do [próprio] site oficial”, afirmou Lula. Ele também criticou a falta de respeito alegada em relação ao Brasil e sua posição internacional.

A carta de Trump anuncia a implementação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, justificando a decisão com alegações de práticas comerciais desleais. Segundo Trump, a imposição dessas tarifas é uma questão relacionada ao tratamento dado a empresas de tecnologia dos EUA, além de uma defesa ao julgamento de Bolsonaro, que ele chamou de “caça às bruxas”.

Justificativas e críticas às alegações de Trump

Lula não hesitou em contestar as alegações deTrump sobre o déficit comercial entre os dois países. Com base em dados recentes, ele ressaltou que os Estados Unidos tiveram um superávit na balança comercial com o Brasil no último ano, superando as exportações em bilhões de dólares. “Será que a assessoria dele não tem conhecimento para explicar isso e evitar uma afronta a outro país?”, indagou o presidente brasileiro.

Além disso, Lula não descartou a possibilidade de negociação, ressaltando que o governo brasileiro está disposto a dialogar sobre as tarifas. “Mas, se não houver negociação, a Lei da Reciprocidade será aplicada”, afirmou, enfatizando que reações comerciais se farão necessárias. O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços estão em constante diálogo com os EUA desde a imposição de tarifas de 10% em abril, considerando também acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Tensões geopolíticas: Lula menciona os BRICS

Em suas observações, Lula também levantou a hipótese de que Trump pode estar incomodado com a articulação dos países do Sul Global, mencionando especificamente a reunião dos BRICS. “Talvez tenha se incomodado com a reunião dos BRICS, já que ele não participou do G7 e nós fomos”, afirmou. Lula mostrou abertura à ideia de convidar Trump para participar do grupo, caso tenha interesse.

“O que ele não pode é agir como se fosse o xerife do mundo”, lamentou Lula, destacando a necessidade de respeito mútuo nas relações internacionais. “Ele foi eleito presidente dos Estados Unidos. Pode fazer o que quiser lá. Mas aqui, no Brasil, quem manda somos nós, os brasileiros.”

A nova tarifa, prevista para entrar em vigor em agosto, ainda pode ser revisada, dependendo da eliminação de barreiras comerciais por parte do Brasil. Até a implementação, o governo brasileiro avalia as possíveis reações tanto no âmbito diplomático quanto comercial, consciente da importância de manter uma postura firme nas relações internacionais.

A relação entre Brasil e EUA continua a ser marcada por tensões e desencontros, refletindo não apenas divergências comerciais, mas também uma luta por respeito e autonomia nas questões internas de cada país. O cenário se desdobra em um constante desafio para ambos os lados, especialmente sob uma política cada vez mais polarizada e complexa.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes