No episódio recém-lançado de And Just Like That, a narrativa revela uma transformação inquietante na relação de Carrie com sua escrita e sua percepção de si mesma. Ao longo da temporada, a personagem vem se aventurando na ficção histórica, mas a avaliação de seu romance pela própria protagonista e pelos outros parece insistir em um engodo.
Manipulação na adaptação da novela de Carrie?
Na trama, Carrie mostra seu manuscrito a Duncan, seu interessado biográfico, e sua reação descritiva parece exagerada. Ele afirma que o trecho é “brilhante” e “propulsivo”, o que contrasta com a escrita pífia que os espectadores acompanham. Essa discrepância nos leva a questionar se AJLT está nos puxando para uma espécie de gaslighting, criando uma ilusão de que a obra de Carrie é melhor do que realmente é.
Durante a troca de mensagens, Carrie revela sua insegurança, dizendo que odeia Duncan, o que reforça a dúvida: ela realmente acredita na qualidade do que escreveu, ou está sendo manipulada para manter a narrativa de sucesso da personagem? Essa dúvida é alimentada por trechos do próprio romance exibidos na série, que são excessivamente tediosos e previsíveis, repletos de estereótipos e clichês de literatura ruim.
O que a novela revela de Carrie
Fragmentos apontando a mediocridade
Algumas passagens do livro, como a descrição de uma mulher que tenta se libertar do passado em 1846, apresentam uma narrativa extremamente superficial: uma narração em terceira pessoa que sobrecarrega o leitor com clichês de autoajuda e metáforas cansadas. A cena da mulher percebendo que está em um “novo começo” por causa de uma casa nova soa artificial, reforçando a sensação de que Carrie está escrevendo algo sem maior profundidade ou originalidade.
Outro trecho, do episódio 5, reforça essa ideia com uma descrição de uma mulher que se abre para as possibilidades da cidade, uma narrativa que parece mais um exercício de escrita de nível iniciante do que uma história convincente.
Realidade ou ilusão editorial?
A suspensão de descrença nasce do entendimento de que Carrie, uma ex-colunista sexual, deve dominar o storytelling, mas sua escrita mostra o contrário. Apesar da reação exagerada de Duncan, que ministra elogios desmedidos, a própria série planta dúvidas sobre a autenticidade dessa admiração.
Será que AJLT está apenas nos enganando, construindo uma narrativa de que Carrie é uma grande escritora enquanto ela mesma não acredita nisso? Ou o episódio tenta jogar com a ideia de que a personagem, agora, sofre de uma crise de autoestima que a leva a se iludir?
Perspectivas para os próximos episódios
Ao apostar na dúvida sobre a qualidade da novela de Carrie, a série parece querer explorar temas mais amplos de autoengano e gaslighting emocional. Resta saber se essa linha será aprofundada ou descartada nos capítulos seguintes, mas, por ora, o que fica claro é que AJLT está brincando com a nossa confiança de modo cada vez mais despudorado.
Para os fãs da série, essa abordagem mutante pode significar uma inversão de expectativas, ou, talvez, mais uma camada de manipulação narrativa. O que é certo é que, por enquanto, estamos sendo levados a duvidar até do próprio talento de Carrie para escrever uma boa história.