Nesta quarta-feira (24), Sean “Diddy” Combs foi declarado “não culpado” de várias acusações federais relacionadas a tráfico de pessoas e conspiração, enquanto foi condenado por transporte para fins de prostituição. A decisão surpreendeu quem acompanhou o caso de perto, levando especialistas a analisarem os motivos por trás do veredicto.
Entendendo a sentença: por que Diddy foi absolvido?
A visão de um especialista
Para o advogado Adanté Pointer, sócio do escritório Pointer & Buelna, a condenação por tráfico sexual e conspiração foi uma “overreach” — ou seja, uma tentativa excessiva por parte do Ministério Público. “Se o governo tivesse trazido uma acusação por violência doméstica ou agressão, provavelmente ele teria sido condenado, sem dificuldade. Mas essas não foram as acusações feitas”, explica Pointer.
O especialista destaca que os processos de menor monta costumam ser tratados na esfera estadual, onde o prazo de prescrição muitas vezes já expira. Como as acusações de tráfico sexual se dão em âmbito federal, a estratégia do Ministério Público foi tentar enquadrar Diddy nessas categorias, o que, na análise de Pointer, não se sustentou.
Razões específicas para a absolvição
Conspiração e leis de tráfico
Pointer explica que a acusação de conspiração falhou por duas razões principais. A lei exige que mais de uma pessoa esteja envolvida na suposta organização criminosa, o que não foi devidamente demonstrado no caso, uma vez que ninguém além de Diddy foi acusado de participar do esquema.
Além disso, qualquer conduta de abuso sexual, segundo Pointer, não tinha como foco principal a atividade empresarial de Diddy. “A lei contra tráfico costuma se aplicar a quem mantém pessoas contra a vontade, forçando-as ou coagindo-as a um fim sexual. Não foi esse o caso aqui”, apontou.
Sobre as acusação de tráfico sexual
O advogado destaca que muitas pessoas associam o tráfico de pessoas ao conceito de “pimp”, ou cafetão, que mantém indivíduos contra sua vontade mediante coerção e recebendo pagamento. Para Pointer, o entendimento de “escravidão sexual” é diferente, e os elementos apresentados na audiência — como o interesse de algumas mulheres em participar de eventos específicos — foram insuficientes para condenar Diddy por tráfico.
As acusações de proxenetismo e o papel do Estatuto Mann
As acusações de proxenetismo derivam do Estatuto Mann, uma lei antiga, de 1910, que Pointer classifica como “vaga” e de fácil aplicação. Ela foi criada durante uma era de histeria coletiva contra o chamado “escravismo branco”. “Para processar alguém sob essa lei, basta que tenha havido pagamento ou viagem para um ato sexual consensual; ela não exige coerção ou violência.”
Próximos passos e perspectivas
Pointer acredita que a falta de antecedentes criminais e o histórico de filantropia de Diddy devem ser considerados na aplicação de sanções leves. “Ele provavelmente receberá apenas uma liberdade condicional, com crédito pelo tempo já cumprido na prisão.”
O especialista reforça que a decisão demonstra o entendimento de que as provas não comprovavam as condutas criminosas alegadas, e que a atuação do Ministério Público foi desproporcional.
Impacto na imagem pública e consequências futuras
A decisão judicial pode influenciar a percepção pública sobre o caso e reforça a importância de provas sólidas em acusações graves. Enquanto isso, Diddy continua sua trajetória artística e filantrópica, com expectativa de que essa fase litigiosa seja superada rapidamente.
Para quem busca apoio em casos de violência sexual ou doméstica, recomenda-se contatar a National Sexual Assault Hotline ou o Hotline Nacional de Violência Doméstica.