Brasil, 10 de julho de 2025
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Uma amizade inesperada com Erik Menendez: o que quero que ele saiba

Decorridos 30 anos, uma antiga amizade revela emoções complexas, perdão e reflexão sobre uma história de crime, culpa e redenção.

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Querido Erik,

Você se lembra de mim? Sou aquela garota de Prescott, Arizona — a cheerleader solitária que começou a escrever para você aos 16 anos. Passaram-se mais de três décadas desde nossa última conversa, então posso entender se você não se recorda de mim. Imagino que deve ter recebido muitas cartas, mas espero que eu tenha sido sua favorita, talvez?

Durante esses anos, sempre hesitei em falar de você em conversas casuais, por medo de parecer insensível à luz da sua história. Minha vida de menina do subúrbio, com mãe, pai, festas, tênis no clube e trabalho voluntário, parecia distante da sua realidade. E ainda assim, o que sentia era uma mistura de curiosidade, compaixão e uma esperança velada de que entendia algo mais profundo.

Recentemente, numa viagem para buscar minha filha mais velha na faculdade, me vi sozinha em um hotel enquanto ela saiu com amigos. Ao procurar algo na TV, vi um trailer do seu documentário na Netflix. Pensei se, talvez, finalmente, eu deveria assistir — querendo compreender o que há em você que ainda me afeta tanto, mesmo depois de tudo.

Confesso que evitar suas histórias era uma forma de proteger minha própria imagem. Apesar de saber, anos atrás, que você mentira sobre sua inocência, minha empatia permanecia. Quando assisti ao documentário, fui confrontada por uma dor e uma tristeza que nunca pensei que sentiria ao relembrar sua infância e os abusos que ambos, você e Lyle, sofreram. Saí do filme com uma vontade de falar com você — algo que não fazia há anos.

Hoje, com sua imagem presente em jornais, redes sociais e discussões, lembro do dia em que comprei uma revista em que vocês estavam na capa. Eu tinha apenas 16 anos, e ali comecei minhas correspondências contigo, uma amizade que nasceu do desejo de entender, de imaginar uma vida diferente da minha, de acreditar na sua inocência. Você, que era pouco mais velho que eu, parecia uma pessoa que precisava de alguém que acreditasse em você, mesmo quando o mundo enfim te condenou.

Minha infância foi marcada pela solidão. Filha única, meus pais estavam sempre ausentes — em festas, torneios de tênis, reuniões de trabalho. Ainda assim, tinha amigos com quem conversava horas pela extensã o de telefone. Compartilhava segredos, inclusive a obsessão pela sua história, escrevendo cartas sem saber por quê.

Foi surpreendente quando, numa tarde, encontrei uma resposta sua na caixa de correio. Uma carta sua, escrita em lápis, começando com uma correção sobre o seu nome. Era uma ligação, uma tentativa de conhecer minha vida, minhas paixões — uma conexão adolescente que parecia inocente, mas que carregava uma carga de esperança e curiosidade.

Rapidamente, nossa troca de cartas evoluiu. Em uma delas, você mencionou frustrado as dificuldades com o caso, expressando descontentamento com as mentiras e reconhecendo sua má sorte. Eu, com 16 anos, sentia-me especial por saber de detalhes que o mundo só descobria depois — a sua angústia, seu medo, sua dor.

Quando começamos a conversar pelo telefone, senti um desconforto silencioso ao ouvir seu relato sobre seus pais. Uma mistura de empatia e uma dúvida silenciosa. Tenho dúvidas se as cartas e as chamadas ainda existem, guardadas em algum arquivo policial, testemunhas de uma amizade que, na época, parecia pura e inocente. Caso não, guardarei sempre minhas memórias — delas, extrai uma sensação de conexão, de alguém que, de algum modo, se importava comigo.

Quanto às visitas, lembro-me com carinho: eu, ainda adolescente, com uma identidade falsa e uma fantasia de invencibilidade, consegui te ver por poucos minutos em uma visita controlada. Você, mais pálido do que nas fotos públicas, parecia uma alma perdida, mas uma pessoa gentil. Nossa conversa foi leve, quase como uma amizade de verdade — embora a distância e a situação fossem impossíveis de ignorar na minha juventude.

Depois de quase dois anos, desapareci de sua vida. E, refletindo agora, percebo que foi por medo, por insegurança, por um sentimento de que minha infância de inocência tinha limites que não poderia e não queria cruzar. Ainda recordo o dia em que você me pediu para ficar com você, e como aquilo me assustou; o amor que você disse sentir, que me confundiu, me fez fugir. Naquele momento, percebi que era uma criança tentando proteger sua própria ingenuidade.

Hoje, com o benefício de mais de três décadas de reflexão, entendo que essa amizade trouxe lições de vulnerabilidade, de perdão e de complexidade humana. Apesar de tudo, foi uma conexão que me fez crescer — uma amizade que, embora breve e conturbada, deixou marcas significativas.

Fico feliz em saber que seu julgamento foi revisado, que sua pena foi reduzida e que você, agora, busca um novo começo. O que você conquistou na prisão, ajudando outros e promovendo mudanças positivas, é admirável e merece reconhecimento.

Escrever esta carta, quase como uma despedida, foi uma forma de deixar para trás um capítulo de minha vida que, embora imperfeito, foi verdadeiro na época. Você foi um amigo que escutou minhas dores, minha solidão, minhas dúvidas, sem julgamento.

Desejo a você tudo de bom. Que sua nova fase seja marcada por paz, esperança e renovação.

Com carinho,

Jen

Jennifer Sullivan Beebe é escritora, baseada em Chevy Chase, Maryland. Seus textos exploram temas de maternidade, feminilidade e as complexidades da vida. Quando não escreve, gosta de jogar tênis, caminhadas e yoga.

Fonte: HuffPost, junho de 2025 ([link](https://www.huffpost.com/entry/erik-menendez-friendship-letter_n_68404163e4b0cc3762010de9)).

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