O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, manifestou, nesta quarta-feira (9), descontentamento com as declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito da situação política brasileira. Alckmin destacou que Trump está “mal informado” sobre a realidade do Brasil, especialmente no que diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Reação de Alckmin às declarações de Trump
A crítica de Alckmin surgiu em resposta a afirmações feitas por Trump, que descreveu Bolsonaro como um político injustiçado, acusando a Justiça brasileira de agir de forma antidemocrática. Para Alckmin, essa percepção está equivocada. Em suas palavras, “isso é uma coisa totalmente equivocada. Acho que ele (Trump) está mal informado.”
O vice-presidente também fez referência à prisão do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou detido por quase dois anos. Alckmin ressaltou que, na época, ninguém questionou o Poder Judiciário brasileiro, enfatizando que se trata de um assunto interno. “Não tem sentido uma interferência dessa. Ela não é adequada,” completou.
Apoio de Trump a Bolsonaro
Nos últimos dias, Trump utilizou sua plataforma social, a Truth Social, para expressar apoio a Jair Bolsonaro. Em suas publicações, ele reclamou do que chamou de “caça” a Bolsonaro, que atualmente é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de ter tramado um golpe contra a posse de Lula. As declarações de Trump geraram controvérsia e foram vistas por muitos como uma tentativa de interferência nos assuntos internos brasileiros.
Posicionamento da Embaixada dos EUA
Nesta quarta-feira, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília endossou as declarações de Trump de maneira ainda mais contundente. Em nota oficial, o posto diplomático afirmou que Bolsonaro, seus familiares e apoiadores estão sendo perseguidos de maneira “vergonhosa e antidemocrática.”
Consequências para as relações bilaterais
Em resposta às declarações da Embaixada, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para uma reunião. Durante o encontro com a secretária de Europa e América do Norte, Escobar recebeu um firme recado de que a manifestação da embaixada foi “indevida e inaceitável,” advertindo que isso poderia comprometer as relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos.
A situação demonstra a complexidade da relação Brasil-Estados Unidos, especialmente em tempos de polarização política e social. A defesa de Trump a Bolsonaro, que não ocupa mais a presidência, repercute não apenas no âmbito diplomático, mas também nas percepções públicas sobre a justiça e a democracia brasileira.
Ao longo dos anos, temas como direitos humanos, justiça e autonomia do Judiciário têm gerado debates acalorados entre os dois países. As interferências externas em questões internas são sempre recebidas com cautela e desprezo por partes dos governantes brasileiros, mostrando uma clara defesa da soberania e da independência nacional.
À medida que a situação política no Brasil continua a evoluir, a esperança é que as relações internacionais possam ser guiadas pelo respeito mútuo e pela não interferência, fundamentais para um diálogo produtivo e harmônico entre as nações.