Em nova tentativa de reaproximar o PDT da base governista, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), se encontrou nesta terça-feira com os 17 deputados federais do partido. O objetivo do encontro foi reabrir canais de diálogo e tentar recompor a base aliada na Câmara, mas, segundo relatos de participantes, a recepção foi fria. Apesar de apelos por uma reaproximação com o Palácio do Planalto, os deputados reforçaram críticas ao tratamento dado pelo governo ao partido.
A crise entre o PDT e o governo
A crise entre o PDT e o governo se intensificou após a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, em meio a denúncias de fraudes bilionárias no INSS. Lupi foi substituído por Wolney Queiroz, também do PDT, mas a bancada não considerou a nomeação como uma compensação política, avaliando que Wolney assumiu o cargo por proximidade pessoal com o presidente Lula, e não como representante formal da legenda.
Antes mesmo da exoneração de Lupi, o PDT já se queixava da falta de espaço na Esplanada dos Ministérios, sobretudo em comparação com legendas do centrão, como PP e Republicanos, que concentram pastas relevantes e, mesmo assim, protagonizam episódios de infidelidade nas votações no Congresso. Nesta terça-feira, a posição de independência foi mantida. O líder do partido na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), enfatizou: “Reiteramos o caráter de independência da bancada, naturalmente sem oposição. A oposição está muito longe do nosso campo ideológico.”
Receptividade e negociações futuras
Mesmo com a recusa em retornar formalmente à base, os parlamentares avaliaram positivamente a disposição de Gleisi em ouvir as queixas e buscar saídas para o impasse. Segundo interlocutores do Planalto, a ministra sinalizou que o governo está aberto a construir uma nova relação com o partido. Desde o anúncio de afastamento, o PDT tem se posicionado de forma decisiva contra o governo em votações relevantes, uma vez que dos 17 deputados, 16 votaram contra o Planalto em questões como a derrubada dos decretos presidenciais que aumentavam o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Apenas um deputado esteve ausente. Essa votação se transformou em uma grande derrota para o governo, que decidiu judicializar a medida, fragilizando ainda mais a relação com o Legislativo.
Possibilidades de reaproximação
Nos bastidores, aliados de ambos os lados avaliam que uma reaproximação é possível e até provável. A perspectiva de um desembarque formal do ex-ministro Ciro Gomes, que negocia a filiação ao PSDB, deve abrir caminho para uma reconfiguração da postura do PDT. Além disso, o partido discute a possibilidade de formar uma federação com o PSB, sigla que ocupa ministérios e a vice-presidência, o que pode facilitar um novo alinhamento com o Planalto.
A situação atual demonstra uma dinâmica política em constante evolução, com as relações entre partidos e o governo se transformando. A disposição de diálogo por parte de Gleisi Hoffmann pode ser um indicativo de que, apesar das dificuldades, o governo ainda busca estabilizar sua base enquanto enfrenta desafios significativos nas votações no Congresso.
À medida que as negociações prosseguem, os integrantes do PDT observam atentamente as movimentações políticas, conscientes de que os próximos passos poderão moldar o futuro da relação entre o partido e o governo federal. Para o PDT, o fortalecimento de sua posição no cenário político é fundamental, e a busca por espaços de poder e diálogo permanece central na agenda de seus representantes.