A inflação de junho será divulgada na próxima quinta-feira, com expectativa de que o IPCA acumule cerca de 5,37% em 12 meses, acima do teto da meta de 4,5%, conforme projeções do mercado. O movimento deverá obrigar o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a enviar a segunda carta em seis meses ao Ministério da Fazenda, justificando o aumento
Regras do sistema de metas e o envio da segunda carta
Desde janeiro, com a implementação do sistema de metas contínuas, o BC precisa prestar esclarecimentos sempre que a inflação superar o teto por seis meses consecutivos, e não mais por ano-calendário. A primeira carta foi enviada em janeiro, após o IPCA de 2024 ter fechado acima da meta, ressaltando os efeitos da depreciação cambial e do cenário fiscal.
Em declarações na terça-feira, Galípolo afirmou que o envio da nova carta é inevitável, reforçando a necessidade de manter o atual regime de metas e alertando sobre os custos políticos e econômicos de uma possível flexibilização.
Previsões do IPCA para junho
Segundo o Boletim Focus, a inflação mensal de junho deve ficar em torno de 0,20%, enquanto o economista Gustavo Sung, da Suno Research, projeta uma alta de 0,26%, impulsionada por reajustes em combustíveis e mudanças na bandeira tarifária de energia. Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses atingiria 5,37%, ante 5,27% da prévia de junho (IPCA-15).
Já Luciano Costa, da Monte Bravo, avalia que os choques nos preços de alimentos e câmbio tiveram efeito reversivo, mas o núcleo inflacionário e o setor de serviços continuam pressionando a inflação, que ainda deve ficar acima da meta em 2024.
Expectativas para os próximos meses e cenário de inflação
Para julho e agosto, as projeções indicam altas de 0,23% e 0,32%, respectivamente, enquanto a previsão para 2025, segundo o Focus, é de 5,18%, embora alguns bancos já estimem um fechamento em 4,8%. A queda nos preços de commodities e a revisão na trajetória do dólar, estimado em R$ 5,80 no fim de 2025, são fatores que colaboram para essa perspectiva.
No entanto, a inflação no setor de alimentos e os efeitos da atividade econômica aquecida, com baixa taxa de desemprego e alta massa salarial, mantêm a preocupação com a resistência da pressão inflacionária, especialmente nos núcleos e nos serviços.
O que dizia a carta de Galípolo em janeiro
Na carta enviada em janeiro ao então ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Galípolo explicou que o principal motivo para a inflação acima da meta em 2024 foi a depreciação cambial e o cenário fiscal instável. Segundo o presidente do BC, o ritmo forte de crescimento econômico e eventos climáticos também contribuíram para o descumprimento das metas.
O documento pontuava ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) espera que, com o ciclo de altas de juros, a inflação retorne ao caminho de queda, embora permaneça acima da meta até o terceiro trimestre de 2025.
Para acessar a íntegra da reportagem, clique aqui.