A maioria dos credores da Eataly Brasil aprovou nesta terça-feira o plano de recuperação judicial da marca, que acumula dívidas de R$ 51 milhões. A assembleia virtual discutiu uma estratégia que inclui a saída do imóvel na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo, e uma operação de 12 meses no formato de dark kitchen, focada no delivery.
Closura da sede tradicional e proposta de nova operação
A ata com o resultado da assembleia ainda será protocolada no processo que tramita na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Para entrar em vigor, o plano precisará ser homologado pela Justiça após análise de legalidade, o que deve ocorrer em breve. A reunião dos credores foi realizada de forma virtual durante a manhã.
Reestruturação e mudança de endereço
A proposta prevê a mudança da sede da Eataly de seu tradicional endereço na rua Juscelino Kubitschek, no bairro do Itaim, um símbolo da gastronomia italiana de alto padrão na capital paulista. O imóvel, que já teve seis restaurantes de alto nível e um mercadão de produtos importados, enfrenta disputa judicial com a proprietária, Caoa Patrimonial, que movia ações de despejo por inadimplência.
Com aluguéis e IPTU atrasados, a dívida com o imóvel ultrapassa R$ 12 milhões — em fevereiro do ano passado, esse valor era de R$ 5 milhões, conforme informações apresentadas pela Caoa na assembleia.
Operação temporária e custos reduzidos
A nova sede será “significativamente menor”, de acordo com a proposta, e visa reduzir custos fixos e aumentar a eficiência operacional. O local ainda está sendo negociado e a definição deve acontecer em até 30 dias, dependendo de questões operacionais, incluindo a separação de bens entre a Eataly e a Caoa.
Dark kitchen: foco no delivery
Durante os primeiros 12 meses após a homologação do plano, a Eataly planeja funcionar como uma dark kitchen, atendendo exclusivamente por delivery por plataformas como iFood, Rappi e canais digitais próprios. A iniciativa busca manter a operação enquanto trabalha na reestruturação.
Pagamento de credores e crise financeira
O plano também prevê que os credores trabalhistas receberiam seus créditos integralmente, limitados a 150 salários mínimos, em duas parcelas semestrais ao longo de 12 meses após a homologação. A aprovação ocorreu na segunda convocação da assembleia, conduzida virtualmente pela administradora judicial.
A crise da Eataly foi agravada por disputas judiciais e perdas financeiras. Em dezembro do ano passado, a empresa entrou com recuperação judicial, solicitando a suspensão de ações judiciais contra ela, após uma forte queda na receita devido à pandemia de Covid-19. Em janeiro, a situação se complicou ainda mais com a suspensão do uso da marca no Brasil, decisão que ainda está sendo avaliada.
Histórico e crise empresarial
Fundada em 2015 como marco da gastronomia italiana no Brasil, a Eataly acumulou dívidas elevadas ao longo dos anos, principalmente após a pandemia. A gestão contou com investidores italianos, grupo St. Marche, e mais tarde, a SouthRock, que assumiu a operação em 2022. Entretanto, dificuldades financeiras levaram à venda da operação ao fundo Wings, que atualmente tenta reestruturar a marca no país.
O futuro da marca na capital paulista
Com a aprovação da recuperação, a expectativa é que a operação se organize para retomar atividades sustentáveis, focando na cozinha por delivery e na reestruturação de seus ativos imobiliários. A mudança do endereço e a operação temporária em dark kitchen são passos estratégicos para evitar uma crise maior e possibilitar a recuperação do negócio.
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