A deputada americana Marjorie Taylor Greene (R-Ga.) anunciou nesta semana um projeto de lei que criminaliza a prática de manipulação do clima, o que tem assustado meteorologistas e especialistas em clima em todo o país. Segundo a deputada, a legislação incluirá penas de prisão e será similar ao projeto de lei aprovado na Flórida, conhecido como Senate Bill 56.
Greene afirma que o projeto busca combater práticas perigosas de modificação do clima
Greene declarou que seu objetivo é “acabar com a prática perigosa e mortal da modificação do clima e da geoengenharia”. Ela acrescentou que vem estudando o tema há meses, com o auxílio de assessores legislativos, e que a proposta reforça a preocupação com os efeitos potencialmente desastrosos dessas ações.
Porém, as declarações da congressista têm causado espanto na comunidade científica. Especialistas em meteorologia e clima questionam a plausibilidade e a necessidade de uma legislação que criminalize práticas que, na maior parte, são explicadas por processos naturais ou atividades humanas amplamente regulamentadas, como o seeding de nuvens.
Conspirações e explicações científicas sobre o clima
Greene comentou sobre teorias da conspiração que alegam que o governo ou organizações secretas manipulam o clima por meio de emissões químicas na atmosfera. Essas teorias, comuns entre grupos conspiracionistas, incluem a chamada prática de chemtrails — linhas brancas deixadas por aviões que alguns acreditam ser produtos químicos lançados em missão clandestina.
Entretanto, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) explica que essas linhas no céu são “traços de condensação” deixados por vapores de exaustão de aeronaves, que se formam quando gases quentes entram em contato com o ar frio em altitudes elevadas. Além disso, a manipulação do clima, por meio de técnicas como o seed de nuvens, é uma prática controlada e estudada há décadas, destinada a aumentar chuvas ou neve em regiões específicas.
Preocupações e reações do setor meteorológico
Meteorologistas ressaltam que a proposta de Greene é baseada em uma compreensão equivocada e que a manipulação climática, na maior parte dos casos, é uma ferramenta científica com aplicações limitadas e fiscalização rigorosa. “Não há evidências concretas de que o governo esteja realizando uma alteração climática em larga escala, como sugerem essas teorias da conspiração”, afirma João Silva, meteorologista especialista em mudanças climáticas.
A proposta legislativa provocou reações mistas dentro do campo político e científico, com muitos especialistas alertando para o risco de promover uma legislação que poderia reforçar desinformação e teorias conspiratórias, ao invés de abordar problemas reais relacionados ao clima e desastres naturais.
Perspectivas futuras
Até o momento, o projeto de Greene ainda não foi apresentado oficialmente na Câmara dos Deputados, mas sua proposta levanta dúvidas sobre o impacto de medidas legislativas fundamentadas em conceitos não comprovados cientificamente, além de abrir espaço para debates sobre o papel da ciência na formulação de políticas públicas.
Para especialistas em clima e ambientes, o foco deve permanecer na ciência baseada em evidências e na implementação de políticas que promovam a resiliência frente às mudanças ambientais questionadas por esses absurdos legislativos.
