Em meio ao aumento dos juros, a inadimplência de pequenas e médias empresas no Brasil atingiu o maior patamar desde o início da série histórica do Banco Central, em maio. A Taxa Selic, atualmente em 15% ao ano, impulsionou a busca por crédito por parte desses negócios, que soma R$ 1,179 bilhão em empréstimos somente em maio, representando uma alta de 11,6% em 12 meses, segundo dados do BC. No entanto, o aumento de endividamento tem agravado o cenário de inadimplência, que chegou a 5,1% em maio, ampliando o risco para as empresas.
Impacto da alta de juros no financiamento das micro e pequenas empresas
As micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) recorrem ao crédito principalmente para capital de giro, necessário diante do aumento dos custos de empréstimos. Com dívidas mais caras devido ao avanço da taxa de juros, a busca por recursos cresceu cerca de 13% em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2024, com forte participação das MPEs, relata a consultoria. Segundo a economista Camila Abdelmalack, da Serasa Experian, a elevação nos custos de crédito força essas empresas a recorrerem à antecipação de recebíveis e a operações de crédito para manter as atividades.
Previsões de impacto do IOF e dificuldades adicionais
Se o decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tivesse entrado em vigor, o impacto na saúde financeira dessas empresas seria ainda maior, pois o imposto incide a cada empréstimo feito para capital de giro ou antecipação de recebíveis. A medida, que está sendo discutida em uma reunião de conciliação entre o Executivo e o Legislativo, pode ampliar o custo do crédito e restringir ainda mais o acesso ao financiamento. Segundo Oliveira, da Anefac, qualquer aumento de imposto num ambiente de alta tributação encarece ainda mais o crédito.
Desafios e alternativas para micro e pequenas empresas na atual conjuntura
Diante do cenário, muitas empresas de menor porte passam a buscar operações de crédito com apoio de garantias, como o Fundo Garantidor do Sebrae, que apoiou R$ 3,5 bilhões em empréstimos de 50 mil empreendedores entre 2023 e 2024. A iniciativa visa reduzir o risco de inadimplência e facilitar o acesso ao crédito, mesmo com as altas taxas de juros e o custo elevado do financiamento.
Segundo Décio Lima, presidente do Sebrae, o apoio de garantias e a ampliação do Fundo Garantidor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão ajudar a manter o nível de concessão de crédito ao segmento. Em 2024, o BNDES aprovou R$ 92,4 bilhões em operações para MPMEs, aumento de 47% em relação a 2023, atendendo mais de 203 mil negócios.
Perspectivas e desafios futuros para o crédito às MPMEs
Especialistas alertam que o ciclo de juros elevados pode limitar o crescimento dos negócios, com investimentos sendo postergados para anos posteriores. Nelson Andreatta, fundador da Eats For You, destaca que o aumento da Selic encarece o crédito, dificultando a obtenção de recursos para inovação e expansão. Empresas como a cervejaria Hocus Pocus já consideram alternativas, buscando investidores ou financiamentos para ampliar a produção, que atualmente é de 120 mil litros mensais, com meta de chegar a 200 mil litros.
Para enfrentar esse cenário, o Sebrae segue promovendo linhas de crédito com aval e recursos garantidos, buscando reduzir o risco de inadimplência e facilitar o acesso ao financiamento para o segmento, fundamental para o crescimento econômico do país.
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