A produção de macadâmia, conhecida como a “rainha das nozes”, sofreu uma queda de pelo menos 30% na safra que se encerra agora, resultando em uma previsão de produção abaixo de 4 mil toneladas, a menor dos últimos anos. A redução deve alterar o mercado, que nunca antes teve uma maior parte da produção destinada ao consumo interno, atualmente ainda em formação.
Desafios climáticos impactam a produção
Segundo Pedro Toledo Piza, diretor da Associação Brasileira da Macadâmia (ABM), a situação é consequência das condições climáticas adversas enfrentadas recentemente, com muita seca e calor excessivo durante a florada das árvores. “Na pandemia, tivemos excesso de produção e queda de preço. Nos últimos dois anos, enfrentamos muita seca e excesso de calor na época da florada”, explica Piza. A produção no Brasil representa menos de 3% do volume global, mas o país, que começou a cultivar a noz em 1935, se posiciona entre os dez maiores produtores mundiais, liderados por África do Sul e Austrália.
Regiões e mercado interno em destaque
O estado de São Paulo, especialmente a região de Dois Córregos, responde por cerca de metade da produção nacional, enquanto o Espírito Santo contribui com 30% e Minas Gerais, 25%. Apesar do volume, a área cultivada sofreu redução, de 6.500 para 5 mil hectares, com pequenos plantios em Bahia, Paraná e Goiás. Pela primeira vez em 30 anos, 90% da produção deve ficar no mercado interno, incentivada por um aumento na demanda doméstica.
Transformação do setor e exportações limitadas
Empresas como a QueenNut, de Dois Córregos, e a Coopmac, do Espírito Santo, enfrentam desafios climáticos que reduziram suas colheitas. A QueenNut, que produz cerca de 400 toneladas neste ano, normalmente embarcava até 60% em exportações, mas agora prioriza o mercado nacional. “Vamos exportar neste ano um único contêiner para cumprir contrato”, adianta Piza, reforçando o ajuste à nova realidade do setor.
Já a Coopmac, que processa aproximadamente 1.800 toneladas, prevê chegar a 1.200 toneladas em 2025, devido às altas temperaturas e à falta de chuvas que prejudicaram a produção. “A macadâmia precisa de temperaturas menores que 15 graus em um período do ano, mas tivemos muito calor”, explica Eliseu Bonomo, presidente da cooperativa.
Perspectivas futuras e mercado global
Apesar do recuo na produção, o Brasil mantém sua relevância no cenário mundial, com uma produção que, em 2019, atingiu 8.500 toneladas. Países como África do Sul e Austrália continuam liderando o ranking, mas o Brasil, que possui entre 4.000 e 6.000 hectares plantados, aposta na recuperação através de investimentos e inovação, como a adoção de fazendas verticais para cultivo.
Segundo dados do setor, o custo de plantio de um hectare de macadâmia é de R$ 15 mil, com custos operacionais de R$ 25 mil, e potencial de receita de até R$ 50 mil em anos favoráveis, como 2025. A expectativa é que melhorias no manejo e clima mais favorável ajudem a retomar a produção nos próximos anos.
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