Sean “Diddy” Combs, renomado fundador da Bad Boy Records e ícone do cenário musical dos anos 1990, foi condenado nesta semana por dois dos cinco crimes relacionados a um processo de tráfico sexual em Nova York. O julgamento revelou que o empresário violou a Lei Mann ao transportar suas ex-namoradas e sex workers pagos em voos pelo país para encontros sexuais, mas foi absolvido das acusações mais graves de conspiração para racketeering e tráfico sexual mediante força, fraude ou coerção.
Detalhes da condenação e contexto do julgamento
O júri de Manhattan considerou Combs culpado por transportar suas ex-parceiras, Casandra “Cassie” Ventura e uma mulher anônima conhecida como Jane, para participar de atos sexuais, incluindo sessões conhecidas como “freak-offs”. Durante o processo, Ventura testemunhou que foi forçada a participar de maratonas sexuais sob efeito de drogas como Ecstasy e MDMA, muitas das quais eram gravadas pelo empresário. Combs também foi acusado de usar sua influência para explorar suas parceiras, além de ameaçar Ventura com a divulgação de vídeos íntimos.
Contribuição das testemunhas e testemunho de vítimas
O tribunal ouviu depoimentos de 34 testemunhas, incluindo ex-funcionários, agentes de lei e as próprias vítimas. Ventura relatou que o empresário a forçava a participar de encontros com outros homens enquanto ela consumia drogas, descrevendo as sessões como exaustivas e degradantes. Regina Ventura, mãe de Cassie, também depôs, relatando que Combs teria exigido US$ 20 mil dela e ameaçado divulgar vídeos explícitos após descobrir que sua filha estava namorando outra pessoa.
Temas como abuso, violência e manipulação foram detalhados em depoimentos de ex-parceiros, incluindo a própria Cassie, e de outros testemunhas, como o ex-empregado Daniel Phillip e o segurança Israel Florez. Encerrando o processo, inclusive, celebridades como Dawn Richard e Kid Cudi também prestaram depoimentos, revelando agressões físicas e reações violentas de Combs.
Encargo judicial e chances de pena
Apesar da condenação em dois crimes menores, Combs foi absolvido das acusações mais graves de tráfico sexual, o que pode limitar sua pena máxima a 20 anos de prisão. O empresário rejeitou um acordo de confissão antes do julgamento e optou por não testemunhar. Seus advogados solicitaram duas nulidades por suposto abuso processual, mas o pedido foi negado pelo juiz. Assim como as alegações de violência doméstica reconhecidas por seus próprios defensores, ele continua enfrentando dezenas de ações civis por abusos sexuais.
Perspectivas e impacto na luta contra o abuso de poder
A condenação de Combs, celebrada por defensores de vítimas de abuso sexual e direitos civis, representa um marco na luta contra o silêncio que envolve homens poderosos na indústria do entretenimento. Como ressaltado pelo advogado de Cassie Ventura, Douglas Wigdor, o caso demonstra que o “tempo de mudanças chegou”, e reforça a importância de denúncias e Justiça para sobreviventes de abuso.
A sentença deve ser anunciada oficialmente nas próximas semanas, enquanto o empresário permanece em liberdade aguardando o julgamento de recursos e possíveis processos civis adicionais.