Quando a bola rolar para as semifinais da Copa do Mundo de Clubes, o imponderável que anda de mãos dadas ao futebol poderá gerar qualquer resultado. Contudo, fora dos gramados, nada equilibra o peso que o título do Mundial, o primeiro com uma premiação bilionária, representa para europeus e sul-americanos. A competição, que atrai gigantes do futebol mundial, também traz um impacto financeiro que é sentido de maneira distinta entre as equipes participantes.
A visão das equipes europeias
Para clubes como Real Madrid, Paris Saint-Germain (PSG) e Chelsea, o torneio é visto como uma pequena fonte de receita em seus orçamentos, mas também como um fardo no calendário. O Real Madrid, por exemplo, já garantiu até a semifinal uma premiação de 72,89 milhões de euros (R$ 468 milhões). Caso vença o torneio, esse valor pode subir para 133 milhões de euros (R$ 854 milhões). Apesar de significativo, esse montante representa apenas 10,7% do faturamento total do clube merengue na última temporada, estimado em 1,045 bilhão de euros, segundo pesquisa da Deloitte.
O cenário é semelhante para os outros clubes europeus semifinalistas. No PSG, o prêmio total de campeão representaria 13,7% do faturamento, cerca de 126,53 milhões de euros, o que equivale a 63% do valor pago por Khvicha Kvaratskhelia, que custou 80 milhões de euros (cerca de R$ 500 milhões). Já o Chelsea poderia atingir 110,9 milhões de euros se erguer o troféu, representando pouco mais de 20% de sua arrecadação, um complemento que ajuda na contabilidade de um time que, nesta temporada, investiu 64 milhões de euros na contratação do atacante João Pedro.
A realidade do Fluminense
Em contraste, a realidade do Fluminense, único representante não europeu na semifinal, é totalmente diferente. O tricolor viu suas finanças se fortalecerem de maneira impressionante com a campanha no Mundial. A equipe já conquistou 52,32 milhões de euros (R$ 336 milhões) em premiação— um valor que corresponde a praticamente 50% da receita total estimada para 2024, que é de 107 milhões de euros (R$ 684 milhões).
Se o Flu alcançar a final, essa quantia pode subir para 78 milhões de euros, podendo chegar a 112 milhões de euros. Em apenas sete jogos, o clube poderia arrecadar o que representa toda sua receita anual— um feito notável que demonstra a diferença no impacto financeiro do torneio para equipes de diferentes continentes.
Comparando investimentos e elenco
A quantia atualmente garantida pelo Fluminense já representa mais de 70% do valor estimado do seu elenco, que é de 73 milhões de euros. O maior investimento da história do clube, a contratação do uruguaio Agustín Canobbio, custou 6 milhões de euros. Com o prêmio do Mundial, o clube poderia contratar quase 10 jogadores pelo mesmo valor. Caso o Fluminense chegue à decisão, a possibilidade de investimento aumenta ainda mais, permitindo uma contratação que poderia representar quase 18 “Canobbios”— um montante que supera o valor de um elenco inteiro.
A disparidade na premiação entre as equipes europeias e sul-americanas no Mundial de Clubes não é apenas uma questão de números, mas reflete a realidade financeira de cada clube e sua capacidade de investimento. Enquanto as grandes equipes do futebol europeu tratam o torneio como uma competição de valor relativamente pequeno, para o Fluminense, essa é uma chance ímpar de transformação financeira e esportiva.
Assim sendo, as semifinais da Copa do Mundo de Clubes não são apenas um momento de glórias no campo, mas sim uma verdadeira batalha financeira que pode redefinir o futuro das equipes que competem. O mundo do futebol observa atentamente, pois o que está em jogo vai além do troféu: um futuro financeiro reformulado e novas possibilidades para aqueles que ousam sonhar grande.