Na última segunda-feira, o secretário de saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., destacou as vantagens de um serviço de refeições a domicílio que custa US$ 7 e atende beneficiários do Medicaid e Medicare. Durante uma visita à sede da Mom’s Meals, na Oklahoma, ele parabenizou a empresa pela entrega de refeições “sem aditivos” aos cidadãos mais vulneráveis do país, incluindo pessoas doentes e idosos. Os pratos incluem opções como macarrão com frango e bacon ao molho ranch e palitos de torrada francesa com frutas ou hambúrguer de presunto.
A controvérsia sobre a qualidade nutricional das refeições
Embora Kennedy tenha elogiado o trabalho da Mom’s Meals, uma análise feita pela Associated Press do cardápio e dos rótulos nutricionais da empresa trouxe à luz algumas preocupações. Os pratos oferecidos pela Mom’s Meals, segundo a nutricionista Marion Nestle, da Universidade de Nova Iorque, são alimentos ultraprocessados, que frequentemente contêm aditivos químicos. “É perfeitamente possível preparar refeições saudáveis com alimentos reais e sem aditivos ultraprocessados, mas todos os pratos que analisei estão carregados deles,” afirmou Nestle.
A nutricionista também observou que muitos desses pratos são ricos em sódio e, em alguns casos, em açúcar ou gorduras saturadas. “O que é triste é que eles não precisam ser assim. Outras empresas conseguem produzir produtos muito melhores, mas, claro, isso custa mais,” completou.
Por outro lado, a porta-voz da Mom’s Meals, Teresa Roof, defendeu a qualidade das refeições, afirmando que os produtos “não contêm ingredientes comumente encontrados em alimentos ultraprocessados”, como corantes artificiais ou xaropes de milho. Contudo, Roo não abordou a questão dos aditivos presentes nos alimentos que tornam as refeições ultraprocessadas. Andrew Nixon, porta-voz do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, também comentou que as refeições da Mom’s Meals são uma “alternativa saudável” em comparação com o que muitos consumidores encontram nos supermercados.
O impacto das refeições entregues e o financiamento federal
A Mom’s Meals é uma das várias empresas nos Estados Unidos que oferece serviços de entrega de refeições “metabolicamente adaptadas” para os lares de beneficiários do Medicaid e Medicare, incluindo pacientes com doenças como câncer ou diabetes, além de idosos com planos de saúde específicos do Medicare. As refeições também estão disponíveis para pacientes que foram recentemente liberados do hospital.
Ainda não está claro quanto os contribuintes federais gastam anualmente para fornecer essas refeições por meio do Medicaid e Medicare. Um relatório da STAT News do ano passado revelou que alguns estados estavam gastando milhões de dólares com serviços de refeições que eram comercializados como saudáveis e “apropriados por nutricionistas”, mas que na verdade estavam repletos de sal, gordura ou açúcar.
Definição de alimentos ultraprocessados
Definir o que são alimentos ultraprocessados pode ser desafiador. É importante notar que a maioria dos alimentos nos Estados Unidos passa por algum tipo de processamento, seja por congelamento, moagem, fermentação ou pasteurização. Alimentos criados através de processos industriais, com ingredientes como aditivos, corantes e conservantes que não podem ser replicados em casa, são considerados os mais processados.
Kennedy tem enfatizado que dietas mais saudáveis são essenciais para sua visão de “Fazer a América Saudável Novamente”. Seu apelo para que os americanos aumentem o consumo de alimentos integrais ajudou a formar uma coalizão única, composta por apoiadores de Trump e mães suburbanas que se autodenominam “MAHA”. Recentemente, em uma postagem em rede social criticando a abundância de alimentos ultraprocessados na dieta americana, Kennedy instou os cidadãos a fazerem escolhas mais saudáveis. “Este país perdeu a mais básica de todas as liberdades — a liberdade que vem de ser saudável,” concluiu.
A situação das refeições entregues e suas implicações para a saúde pública reafirma a importância de promover uma dieta mais saudável para todos os cidadãos. À medida que essas questões continuam a ser debatidas, a pressão sobre empresas e autoridades para garantirem que os produtos alimentícios sejam verdadeiramente benéficos para a saúde cresce cada vez mais.
