Brasil, 16 de julho de 2025
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Threats de Trump não impedem avanço do Brics em relação às moedas locais

Especialistas afirmam que as ameaças de Trump não devem frear o movimento do Brics por maior autonomia no uso de moedas nacionais.

As declarações ameaçadoras do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não devem impedir que os países do Brics avancem na construção de uma relação comercial baseada em moedas locais, segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil. Após a 17ª Reunião de Cúpula do grupo, a Declaração do Rio de Janeiro reforçou a busca por uma ordem global mais justa e a redução da dependência do dólar.

O impacto das ameaças de Trump às moedas do Brics

Após a publicação da declaração final, na qual os membros do grupo defendem uma nova ordem econômica, Trump ameaçou aplicar taxas extras a países que se alinhem ao Brics, pelo perfil da rede Truth Social. Contudo, especialistas consideram que essas ameaças não terão grande efeito no avanço das negociações pelo uso de moedas locais.

Resistência dos países às pressões externas

Segundo Luiz Belluzzo, professor titular na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os países do Brics não buscam criar uma nova moeda de reserva, mas estabelecer relações comerciais em suas próprias moedas. “Já há negociações bilaterais em curso entre os países, como Brasil e China, China e Índia, que priorizam trocas sem o dólar”, explica. Belluzzo destaca que essa estratégia visa criar uma zona monetária onde as moedas nacionais funcionem como meios de pagamento.

Resistência às ameaças e tendência de desdolarização

Para Antonio Jorge Ramalho da Rocha, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), as ameaças de Trump não devem afetar o ritmo dessas iniciativas. “O atual presidente dos EUA costuma vociferar ameaças que geram desconfianças, mas que não trazem soluções ao problema maior”, afirma. Ele aponta que o comportamento de Trump acelera o processo de redução do uso do dólar, levando o mundo a buscar alternativas como o euro e moedas digitais de bancos centrais, mantendo a tendência de desdolarização.

Infraestrutura monetária como proteção

De acordo com André Roncaglia, diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), a formação de uma infraestrutura de pagamento baseada em moedas locais é fundamental para reduzir custos e aumentar a resiliência frente a crises internacionais. “Esse fortalecimento é uma proteção contra possíveis choques na hegemonia do dólar ou do euro”, avalia Roncaglia. Ele ressalta que essa estratégia também visa melhorar a representatividade dos países em desenvolvimento em organismos internacionais.

Posicionamento do Brics e futuro das negociações

O comunicado final do grupo condenou sanções unilaterais como instrumentos políticos e reforçou a importância de evitar protecionismo. Contudo, o texto não mencionou especificamente os Estados Unidos. Os países do Brics continuam discutindo a implantação de sistemas de pagamento interoperáveis, cujo avanço deve ser consolidado na próxima reunião, marcada para o segundo semestre de 2025, antes da presidência indiana a partir de janeiro de 2026.

O grupo do Brics e seus objetivos

Reunindo 11 nações, o Brics representa 39% da economia mundial, 48,5% da população global e 23% do comércio internacional. Nos negócios com o Brasil, por exemplo, o grupo respondeu por 36% das exportações em 2024, enquanto o Brasil importa 34% de seus produtos desses países. A reunião, sediada no Rio de Janeiro, teve como foco reforçar o protagonismo regional na economia global.

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