Marcelo Godoy, responsável pela operação brasileira da Volvo Cars desde o final de 2023, defende que o mercado de veículos elétricos no Brasil não tem volta e que a desinformação ainda é grande, especialmente sobre a vida útil das baterias. Em entrevista, ele destacou a adaptação às demandas dos consumidores e os investimentos na infraestrutura de recarga como passos essenciais para o crescimento do setor.
Eletrificação no Brasil: avanço e desafios
Godoy afirmou que, atualmente, metade das vendas da Volvo no Brasil são de veículos 100% elétricos, segmento que ele considera estratégico e de crescimento constante. “Não há como voltar na eletrificação, especialmente no segmento premium, onde a Volvo ocupa cerca de 17% do mercado”, afirmou. Ele destacou que a matriz energética limpa e de baixo custo do país favorece a aceitação dos veículos elétricos.
Mudanças na meta de eletrificação
Originalmente, a Volvo tinha como objetivo se tornar totalmente elétrica até 2030, mas essa meta foi revista devido às mudanças na demanda do mercado. “Houve necessidade de adaptação às condições reais de cada país, incluindo o Brasil, onde o mercado ainda está em desenvolvimento”, explicou Godoy. Ele salientou que a evolução na aceitação dos veículos elétricos tem sido acelerada pelo corte de custos, como a produção local de carros chineses que começou a reduzir os preços.
Infraestrutura de recarga e crescimento do setor
Para facilitar a adesão, a Volvo investiu na instalação de mais de mil carregadores de carga lenta e quase 80 de carga rápida em todo o país nos últimos dois anos. “Ainda estamos longe do ideal, mas o crescimento foi exponencial”, afirmou. Segundo ele, com o aumento de carregadores, o mercado de veículos elétricos tende a alcançar o equilíbrio entre oferta e demanda.
O impacto dos subsídios e a concorrência chinesa
Godoy comentou sobre o impacto do corte de subsídios nos Estados Unidos e o crescimento da concorrência chinesa. “A chegada de marcas chinesas trouxe produtos menos sofisticados, mais baratos, que atuam como substitutos, mas continuamos mantendo nossa linha de carros premium”, destacou. Ele também elogiou a contribuição dessas marcas para a construção de um mercado mais robusto no Brasil.
Desmistificando a vida útil das baterias
Uma das maiores preocupações dos consumidores, segundo o executivo, é relacionada à durabilidade das baterias. “Muita gente acha que baterias duram apenas oito anos, mas na verdade elas têm uma vida útil de 15 a 20 anos”, afirmou. Ele ressaltou que a Volvo monitora a saúde das baterias da frota, e apenas uma em cada mil apresenta problemas, o que comprova a durabilidade real do componente.
Perspectivas para o futuro
De acordo com Godoy, o Brasil deve registrar mais de 80 mil veículos elétricos vendidos neste ano, um aumento significativo em relação ao passado. “Se mantivermos essa trajetória, veremos uma transformação definitiva na matriz de veículos do país.” Ele também reafirmou a estratégia de não investir na instalação de fábricas locais para veículos elétricos no momento, pois o mercado ainda não atingiu o volume necessário de vendas para justificar esse passo.
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