Brasil, 6 de julho de 2025
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Cientistas estão perto de criar células sexuais humanas em laboratório

Cientistas de todo o mundo avançam na criação de gametas humanos em laboratório, abrindo novas possibilidades para a reprodução.

Em um avanço significativo na biologia reprodutiva, cientistas trabalham para criar células sexuais humanas viáveis em laboratório. Segundo Prof. Katsuhiko Hayashi, um geneticista desenvolvimental da Universidade de Osaka, essa inovação poderá revolucionar as possibilidades de reprodução, tornando acessível a gestação biológica mesmo para aqueles que enfrentam problemas de fertilidade ou para casais do mesmo sexo.

O que é a gametogênese in vitro?

A técnica conhecida como gametogênese in vitro (IVG) permite a transformação de células da pele ou do sangue em espermatozoides e óvulos. O processo começa com a reprogramação genética destas células adultas em células-tronco, que possuem a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula do corpo. Depois, essas células-tronco são induzidas a se tornarem células germinativas primordiais, precursoras dos gametas, que são posteriormente cultivadas em organoides projetados para fornecer os sinais biológicos necessários para seu desenvolvimento.

Avanços no laboratório

Prof. Hayashi prevê que seu laboratório estará a cerca de sete anos de criar espermatozoides humanos viáveis. Outros grupos de pesquisa, como uma equipe da Universidade de Kyoto e a startup americana Conception Biosciences, estão na corrida para fazer a mesma descoberta. A Conception Biosciences, respaldada pelo fundador da OpenAI, Sam Altman, acredita que o cultivo de óvulos em laboratório pode ser a melhor ferramenta que temos para reverter a queda da população. Segundo o CEO da empresa, essa tecnologia poderia ampliar significativamente a janela de planejamento familiar das mulheres.

A demanda por tecnologia de fertilidade

Hayashi, que apresenta seus resultados na reunião anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) em Paris, relata o crescente interesse e demanda por esta tecnologia. “Recebemos e-mails de pacientes de fertilidade, talvez uma vez por semana. Algumas pessoas dizem: ‘Posso ir para o Japão’”, comenta. Essa resposta evidencia um desejo por opções mais acessíveis e inovadoras no âmbito da reprodução humana.

Desafios éticos e técnicos

Embora a criação de camundongos com dois pais biológicos já tenha sido alcançada, a produção de óvulos humanos viáveis ainda apresenta desafios técnicos significativos. Recentemente, pesquisas sobre o estado dormente dos óvulos podem ser cruciais para o futuro desse empreendimento. “O desafio é garantir que essas células obtenham o potencial que precisamos”, explica Hayashi. Além da segurança, existem questões éticas sobre a aplicação dessa tecnologia, especialmente para casais do mesmo sexo e mulheres mais velhas.

O futuro da reprodução assistida

Os especialistas estão divididos sobre as implicações dessa tecnologia. Enquanto alguns veem um grande potencial, outros demonstram preocupação com a possibilidade de que ela seja utilizada de formas não convencionais, como a criação de “unibebês” ou “bebês multiplex”, que teriam contribuições genéticas de mais de dois pais. No entanto, é unânime a necessidade de regulamentação e consideração ética detida nas aplicações de tais inovações.

“A ideia de pegar uma célula que nunca deveria ser um espermatozoide ou um óvulo e transformá-la em um gameta é incrível”, reflete o Prof. Rod Mitchell, pesquisador na Universidade de Edimburgo. A segurança dessas células deve ser comprovada antes que possam ser utilizadas em tratamentos de fertilidade, e muitos acreditam que anos de testes serão necessários.

No Reino Unido, o uso de células cultivadas em laboratório para tratamentos de fertilidade é ilegal sob as leis atuais. O órgão responsável, a Autoridade de Fertilização Humana e Embriologia, já está lidando com questões sobre como garantir a segurança de óvulos e espermatozoides cultivados em laboratório.

Enquanto os cientistas fazem progressos significativos na busca por soluções inovadoras na reprodução, o caminho a percorrer para garantir a segurança e a ética na aplicação dessas tecnologias é longo e meticuloso. A jornada está apenas começando, mas as promissoras aproximações ao futuro da reprodução humana são motivo para esperanças, além de questões que desafiarão normas éticas existentes.

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