Nesta quinta-feira (23), a Câmara dos Deputados americana aprovou um grande pacote de cortes de impostos e de cortes em programas sociais, enviando a proposta ao presidente Donald Trump para sanção. A legislação, considerada uma das mais controversas do período, agravará a crise de saúde, aumentará a dívida pública e reforçará medidas rígidas contra imigrantes ilegais, impactando milhões de americanos.
O peso das mudanças fiscais e o impacto social
O projeto, aprovado por 218 votos contra 214, favorece os mais ricos e amplia o déficit fiscal, estimado em US$ 4,5 trilhões. Com a redução temporária de impostos assinada por Trump em seu primeiro mandato, o pacote prevê uma diminuição de recursos destinados à saúde e alimentação de populações vulneráveis, incluindo cortes de mais de US$ 1 trilhão em programas como Medicaid e SNAP.
“Este é um ataque direto às pessoas mais vulneráveis, uma traição ao que este país deveria representar”, condenou o deputado democrata Jim McGovern, durante o debate na Câmara. “O projeto é cruel, covarde e desleal.”
Medidas de contenção a imigrantes e fortalecimento do aparato de deportação
Outra medida polêmica prevê um aumento imediato de US$ 150 bilhões para o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas), incluindo US$ 45 bilhões destinados à construção de novos centros de detenção e US$ 29 bilhões para reforçar a equipe de deportação. O valor ultrapassa em mais de cinco vezes o orçamento anual da Penitenciária Federal dos EUA. Trump, que recentemente museu a ideia de deportar cidadãos nascidos no país, vê a medida como um avanço para seu plano de endurecimento imigratório.
“Estamos falando de transformar o ICE em uma força paramilitar”, denunciou a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, do Partido Democrata, ao alertar para os riscos à segurança cidadã e aos direitos civis.
Contestação e críticas ao processo legislativo
Apesar de sua importância, o processo legislativo foi marcado por disputas internas e protestos. Alguns republicanos se abstiveram de votar ou votaram contrários ao pacote, principalmente devido às mudanças feitas pelo Senado, que aumentaram o custo da proposta em cerca de um trilhão de dólares. Os votos finais só foram conquistados após longas horas de debate na madrugada.
“Ninguém aqui acredita que cortar Medicaid e reduzir o auxílio social seja o caminho para a recuperação econômica”, disse o líder democrata Hakeem Jeffries. “Este projeto ameaça a saúde e o bem-estar de milhões de cidadãos americanos.”
Perspectivas futuras e os riscos para o futuro
Especialistas alertam que a aprovação do projeto representa um aumento dramático na dívida federal e um retrocesso na proteção social do país. O diretor do Congressional Budget Office alerta que muitas das mudanças terão efeitos duradouros, dificultando a recuperação econômica e ampliando as desigualdades sociais.
O presidente Trump ainda deve assinar oficialmente o pacote, que entrará em vigor imediatamente para algumas medidas e de forma gradual para outras, principalmente no que diz respeito ao programa de saúde Medicaid, cujo corte começa a valer a partir de 2027.
Este pacote mostrou-se uma manobra política controversa, onde interesses fiscais, sociais e de segurança se entrelaçam, deixando um legado de incertezas para os próximos anos na política estadunidense.